Marcas cortam publicidade do Youtube que colocava anúncios em vídeos impróprios para crianças

A notícia chega um dia depois de o site de vídeos prometer "melhorar a sua abordagem em proteger famílias."

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A empresa vai fechar os comentários em vídeos que mostrem menores e que tenham este tipo de comentários Reuters/DADO RUVIC

Diversas marcas globais – incluindo a Lidl, a HP, o Deutsche Bank e a Adidas – retiraram publicidade do Youtube e do Google depois de reportagens terem revelado que os anúncios surgiam em vídeos de crianças com comentários sexuais. 

O primeiro alerta para o conteúdo problemático foi dado em investigações da BBC e do jornal Times, publicadas nesta sexta-feira. Foram encontradas dezenas de milhares de contas de predadores sexuais, que escapam aos filtros e moderadores do Youtube, e deixam comentários obscenos em vídeos com crianças.

Alguns vídeos são inocentes (com crianças a falarem de brinquedos ou a imitarem as suas celebridades preferidas), outros são mais controversos (com crianças de cuecas ou a rebolar na cama). Todos recebem comentários de adultos que as ofendem, e pedem para tirar a roupa ou realizar actos sexuais.

Em comunicado, o Deutsche Bank nota que suspendeu "todas as campanhas publicitárias [no site] assim que soube do problema”. Já a Mars diz que não volta a colocar anúncios no Google “até ter total confiança que existem medidas eficientes de prevenção."

As denúncias chegam um dia depois de o Youtube prometer “melhorar a sua abordagem em proteger as famílias no site”, ao perceber que havia uma tendência em postar conteúdo que “finge ser adequado a famílias, mas claramente não o é.” No futuro, por exemplo, a empresa diz que vai fechar os comentários em vídeos que mostrem menores e que tenham este tipo de comentários. 

"O conteúdo que põe em perigo as crianças é abominável e inaceitável para nós", escreve o Youtube, num email enviado ao PÚBLICO esta sexta-feira sobre a questão. “Recentemente reforçámos a nossa abordagem em relação a vídeos e comentários com crianças, que podem não ser ilegais, mas suscitam preocupação".

Actualmente, o Youtube depende de algoritmos, moderadores humanos e das queixas dos próprios utilizadores para identificar conteúdo impróprio e removê-lo. Não é suficiente. "Reconhecemos que precisamos de fazer mais quer pela via de machine learning quer pelo aumento de recursos humanos e técnicos", acrescenta o porta-voz do Youtube. A equipa já está a trabalhar "em parceria com a Internet Watch Foundation, NCMEC [sigla inglesa para o Centro Nacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas], entre outros, para impedir que imagens de abuso sexual infantil sejam carregadas."

Muitas das crianças nos vídeos problemáticos não deviam sequer conseguir estar no site – parecem ter menos de 13 anos, que é a idade mínima para criar uma conta no Youtube. Em declarações anónimas à BBC e ao Times, alguns dos voluntários do Youtube, que trabalham na moderação do conteúdo, disseram que há “cerca de 50 mil e 100 mil predadores activos na plataforma.”

Não é a primeira vez que o modelo revela problemas. Em Março, os anúncios de bancos e empresas de telecomunicações estavam a ser automaticamente associados a vídeos extremistas, como os do Ku Klux Klan. O McDonald’s, a L’Oreal e a Audi foram algumas das empresas que retiraram o conteúdo publicitário do Google e do Youtube, depois de conhecido o problema. Já neste mês de Novembro, a equipa também foi alertada para personagens de “entretenimento familiar” em cenas perturbantes. Vídeos falsos  – que mostram desenhos animados famosos a serem “atropelados” por sacos de chocolates gigantes, ou torturados durante uma ida ao dentista  – foram censurados para menores de 18 anos.

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