Quantos gramas de açúcar tem um litro de leite achocolatado?
PAN levou para o plenário Iced Tea, Coca-Cola, leite com chocolate e um copo de açúcar para criticar a ausência deste leite da lista de taxa agravada das bebidas açucaradas.
A bancada do deputado André Silva parecia a montra de um café: tinha Iced Tea, Coca-Cola e leite com chocolate. Por cima de cada embalagem de litro havia um papel com números: 45 gr na primeira, 106 gr na segunda, 120 gr na última. Depois veio o copo com 120 gramas de açúcar para se perceber bem de que quantidade se estava a falar.
Foi assim que o deputado do PAN tentou mostrar a incoerência do Governo por deixar o leite achocolatado, “a rainha das bebidas com açúcar”, fora da lista de bebidas açucaradas que este ano passaram a ter uma tributação especial de consumo e até ter a taxa mínima de IVA.
“Porquê?”, quis saber. “Já sabemos o que irão dizer: que o leite tem um valor nutritivo. Mas uma bebida nutritiva, quando se adiciona uma quantidade colossal de açúcar, deixa de ser nutritiva e passa a ser um veneno.” E pegou no copo de açúcar: “Esta é a quantidade de açúcar que existe num litro de leite com chocolate. Nutritivo, senhores membros do Governo? Não sei se é; lá docinho será com certeza!”
André Silva lembrou que o Ministério da Saúde desenvolve campanhas contra a obesidade e a diabetes, mas “depois estimula as crianças a beberem leite com chocolate”, colocando os “interesses económicos da indústria à frente da saúde das crianças”. O gasto diário com medicamentos da diabetes é de 575 mil euros e a doença representa “mais de 10% do total do orçamento da saúde”.
“Manter a taxa de IVA reduzida para o leite com chocolate significa continuar a desinformar as pessoas e a ser cúmplice do agravamento da prevalência da obesidade e diabetes e a usar as crianças como meio de obtenção de lucro fácil para a toda poderosa indústria do leite”, argumentou o deputado do PAN.
Depois de Ferro Rodrigues ter pedido a André Silva para “desmontar a tenda”, foi o social-democrata Cristóvão Crespo que atacou os socialistas. O deputado considerou que o único momento de “bom senso” foi a não aprovação do novo imposto sobre a batata frita e os cereais.
Cristóvão Crespo criticou a “imaginação do Governo para criar impostos especiais” para “arrecadar receita a qualquer preço”, mesmo que isso signifique “atropelar a economia” ou tenha um “impacto muito grave no sector agrícola” e “discrimine” produtos e empresas dentro dos mesmos negócios.
A proposta para um novo imposto sobre a quantidade de sal nos alimentos gerou ontem confusão durante as votações na especialidade: o artigo da proposta de lei do Governo não foi colocada à votação pela presidente da COFMA porque não fora discutido no plenário da manhã, mas levou à votação a proposta do CDS-PP que elimina esse artigo. O assunto vai voltar à discussão na COFMA esta tarde.