João Lourenço espera que a impunidade “tenha os dias contados”

Presidente insiste na "moralização" da sociedade angolana durante a posse do novo inspector-geral da Administração do Estado.

Foto
LUSA/Fernando Villar

O Presidente de Angola, João Lourenço, disse nesta quinta-feira ser necessária a "moralização" da sociedade, com um "combate sério" a práticas que "lesam o interesse público" para garantir que a impunidade "tenha os dias contados".

O chefe de Estado falava no palácio presidencial, em Luanda, na tomada de posse do novo inspector-geral da Administração do Estado, Sebastião Domingos Gunza, que transitou do Serviço de Investigação Criminal (SIC).

"No quadro da necessidade de moralização da nossa sociedade, importa que levemos a cabo um combate sério contra certas práticas, levadas a cabo quer por gestores quer por funcionários públicos. Práticas que, em princípio, lesam o interesse público, o interesse do Estado, o interesse dos cidadãos que recorrem aos serviços públicos", disse  Lourenço.

O comissário da Polícia Nacional de Angola, Sebastião Domingos Gunza, ocupava até agora o cargo de director-geral adjunto do SIC. Além do novo inspector-geral da Administração do Estado, o Presidente nomeou e empossou, para os cargos de inspectores-gerais adjuntos, Beatriz Alberto Quitambe Fernandes, Rosa Luís de Sousa Micolo e Maria Isabel Fernandes Tormenta dos Santos.

"Esperamos que a tão falada impunidade nos serviços públicos tenha os dias contados. Não é num dia, naturalmente, que vamos pôr fim a essa mesma impunidade, mas contem com a ajuda de todos e acreditamos que, paulatinamente, vamos, passo a passo, caminhar para a redução e posteriormente a eliminação da chamada impunidade", concluiu João Lourenço.

Na cerimónia, Sebastião Domingos Gunza assumiu o compromisso de "acabar com as más práticas" e os "vícios" na administração do Estado.

O Presidente angolano exonerou a 20 de Novembro o anterior Inspector-geral da Administração do Estado, Joaquim Mande.

Um despacho assinado por Joaquim Mande, publicado a 15 de Setembro, gerou forte polémica em Angola e não chegou a ser esclarecido publicamente. O documento, publicado 11 dias antes da tomada de posse de João Lourenço como Presidente, determinava que ficavam "arquivados todos os processos da actividade inspectiva desenvolvida pela Inspecção Geral da Administração do Estado de 1 de Janeiro de 2013 a 30 de Agosto de 2017".

Desde que tomou posse, a 26 de Setembro, na sequência das eleições  de 23 de Agosto, João Lourenço exonerou diversas administrações de empresas estatais, dos sectores de diamantes, minerais, petróleos, comunicação social, banca comercial pública e Banco Nacional de Angola, anteriormente nomeadas por José Eduardo dos Santos.

A exoneração de Isabel do Santos, filha do ex-chefe de Estado, do cargo de presidente do conselho de administração da petrolífera estatal Sonangol, aconteceu foi a decisão mais mediática.