Vista e Gusto: eis as novas estrelas Michelin a brilhar em Portugal
Restaurantes dos chefs João Oliveira e do alemão Heinz Beck são as novas estrelas do firmamento gastronómico. Portugal passa a ter 23 restaurantes estrelados, oito deles no Algarve.
Vão directamente para o Algarve as duas novas estrelas Michelin atribuídas a restaurantes portugueses, que acabam de ser anunciadas em Tenerife, nas Ilhas Canárias, na apresentação da edição de 2018 do mais famoso e influente guia gastronómico do mundo.
Os novos estrelados são os restaurantes Vista, do jovem chef João Oliveira, na praia da Rocha, Portimão, e o Gusto by Heinz Beck, um dos restaurantes do Hotel Conrad Algarve, na Quinta do Lago, Almancil. As distinções que vinham da edição de 2017 mantêm-se todas.
Com estes novos galardões, Portugal passa a somar um total de 23 restaurantes distinguidos pela Michelin, cinco deles com duas estrelas. Uma situação que ainda há poucos anos não seria imaginável nos melhores sonhos, mas que mostra bem a evolução galopante da cozinha e gastronomia portuguesas nos últimos tempos.
É certo que nem com estas duas novas estrelas se opera a duplicação que era anunciada há um ano, mas se se olhar apenas para o início da década vê-se que essa duplicação aconteceu mesmo - e num curto espaço de tempo. Com estes dois novos estrelados, o Algarve – e o seu turismo – consolida o seu estatuto como região dominante, passando a ter agora um total de oito restaurantes distinguidos, dois deles com duas estrelas.
Em relação às novidades desta noite, já nem o são propriamente, de tão esperadas que eram. Pode dizer-se até que se trata de uma espécie de aditamento ao anúncio de há um ano, quando, aí sim, ambos os restaurantes eram apontados como novidades e dada como quase garantida a sua inclusão no rol dos estrelados. Não foi no ano passado mas foi agora.
Quem ficou de fora foi o restaurante da Herdade do Esporão e o chef Pedro Pena Bastos, que eram também vistos como prováveis estrelados no ano passado, mas anunciaram em Setembro o fecho de portas. Cansados de esperas, quem sabe?
Nesta espécie de acerto de contas dos inspectores da Michelin com a gastronomia portuguesa mantém-se em aberto a atribuição da estrela ao restaurante Varanda, do Hotel Ritz, em Lisboa. Mais que um velho braço-de-ferro, esta parece ser já uma espécie de rixa – ou acção de bullying, como agora se diz – dos inspectores, que embirram com o facto de o Varanda continuar a funcionar ao almoço em regime buffet. Os inspectores não gostam, mas os clientes pelos vistos adoram.
Dos novos estrelados, Heinz Beck é já uma espécie de velho conhecido do guia, já que há mais de uma década que tem três estrelas no seu restaurante de Roma, o La Pergola, no Hotel Cavalieri, e mais uma estrela, esta mais recente, no londrino Apsley’s, no Lanesborough Hotel.
Embora só agora chegado à casa dos 30, de João Oliveira não se pode dizer que seja um novato. Estava já no restaurante Largo do Paço, em Amarante, quando Ricardo Costa reconquistou a estrela, e seguiu depois com ele para o desafio de arrancar com o The Yeatman, em Vila Nova de Gaia, onde assistiu à chegada da primeira estrela mas não esperou pela segunda por se ter mudado entretanto para o Vila Joya, esse sim, já com duas estrelas.
Assumiu, em 2015, o desafio de arrancar com o Vista, no Hotel Bela Vista, em plena praia da Rocha, e desde os primeiros passos que a estrela estava como que anunciada. Faltava saber era quando, mas, afinal, não foi preciso esperar muito.
A par da novidade de mais duas estrelas para Portugal, o guia agora apresentado traz também dois novos três estrelas para Espanha, cinco novos duas estrelas e 17 recém-estrelados. No que toca aos novos três estrelas, também aqui a novidade era há muito esperada, já que tanto o restaurante Aponiente, de Ángel Léon, em Cádiz, como o Abac, de Jordi Cruz, em Barcelona, estão há muito na vanguarda da dinâmica gastronomia do país vizinho.