O computador já não é o rei da Internet para os portugueses
INE revela que em 2017 continua a haver mais homens do que mulheres online em Portugal, e são os estudantes que mais usam a Internet, mas a popularidade do smartphone está a aumentar.
O computador fixo já não é o aparelho preferido dos portugueses para aceder à Internet. Pela primeira vez, a proporção de utilizadores de Internet portugueses (75%) é maior que a percentagem de utilizadores de computador (70%). Os aparelhos portáteis, como o smartphone, são os novos eleitos.
Os dados foram divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística. Fazem parte dos resultados ao inquérito anual sobre a utilização de tecnologias de informação e de comunicação pelas famílias, feito a residentes entre os 16 e os 74 anos desde 2002.
Em geral, o consumo de Internet em Portugal aumentou bastante na última década. Em 2017, há 75% de residentes a usar a Internet: representa um aumento de quatro pontos percentuais em relação ao ano anterior, e 36 pontos percentuais em relação a 2007 (em que cerca de 39% dos inquiridos acedia à Internet em Portugal). Porém, como nos anos anteriores, o valor continua bem abaixo da média da União Europeia (88%).
Por cá, os utilizadores mais frequentes continuam a ser os estudantes e pessoas que já concluíram o ensino superior. Também continua a haver mais homens do que mulheres a aceder a Internet (a diferença é de 4 pontos percentuais). Noutros anos, uma das razões apontadas para as diferenças de género é o facto de ainda ser dada uma conotação masculina à tecnologia. No entanto, independentemente do género e da literacia, 99% dos inquiridos com menos de 34 anos já têm acesso à Internet em 2017.
A maior mudança nos últimos dez anos foi mesmo o aumento da importância dos smartphones. Há 10 anos atrás, quando o iPhone ainda era uma novidade, apenas 36,8% dos agregados domésticos portugueses inquiridos pelo INE recorriam ao telemóvel (ainda não se falava muito em smartphone). Hoje, 76% dos utilizadores inquiridos acede à web através do aparelho móvel. Utilizam-nos, principalmente, para aceder à Internet fora de casa e do local de trabalho.
O comércio electrónico também se está a tornar mais popular. Em 2007, apenas 5,8% dos portugueses efectuava compras através da Internet. Dez anos mais tarde, são 34%, mas o valor também continua abaixo da média da União Europeia (55%, em 2016). Os produtos mais encomendados são roupas e equipamentos desportivos, e cerca de 60% das encomendas é feita a fornecedores estrangeiros.
Em casa, o acesso à Internet é mais frequente nas famílias residentes na Área Metropolitana de Lisboa (86%) e nas famílias com crianças (97%). Embora a principal função da Internet continue a ser procurar informações sobre bens e serviços, 60% dos portugueses diz também utilizar serviços da administração pública online. Desde 2015, o Portal do Cidadão (que permite, por exemplo, alterar a morada do cartão de cidadão e marcar consultas no centro de saúde online) está optimizado para dispositivos móveis, tornando-o agora mais acessível através de smartphones e tablets.