Vai ser mais difícil encontrar notícias do Russia Today e Sputnik no Google
Google quer pôr um travão na difusão de notícias falsas, penalizando os dois meios de comunicação estatais russos. Os dois meios estão na mira das autoridades que investigam a ingerência russa em eleições, entre as quais as presidenciais do ano passado nos Estados Unidos.
É cada vez maior o cerco das empresas ocidentais aos meios de comunicação estatais da Rússia. Depois de o Twitter os proibir de comprar publicidade na rede social, a Google decidiu penalizar a televisão estatal RT (anteriormente conhecida como Russia Today) e a agência de notícias Sputnik no seu motor de busca, tornando mais difícil que se encontrem notícias destes dois meios públicos de comunicação russos.
Avança o El País que a Alphabet, gigante norte-americana que detém a Google, decidiu tomar mais medidas contra a propaganda russa que tem vindo a tirar vantagem do seu motor de busca. A empresa já tinha eliminado a possibilidade de a RT e a Sputnik comprarem anúncios para promover o seu conteúdo e removeu a televisão estatal russa, que tem 2,2 milhões de seguidores, do seu programa premium do YouTube.
Segundo o diário espanhol, Eric Schmidt, presidente executivo da Alphabet, disse que a intenção é pôr um travão na difusão de notícias falsas, penalizando os dois meios de comunicação russos que pertencem ao Estado. Mas não se sabe a partir de quando se notará esta penalização.
O serviço federal de informação e media russo Roskomnadzor já disse que vai pedir um esclarecimento à Google. “Vamos primeiro ver o que eles vão fazer. Classificar notícias – gostaria de perceber o que isso significa. Em segundo lugar, é óbvio que vamos defender os nossos meios de comunicação. Vamos ver quão discriminatória será essa medida na sua concretização prática”, disse o director da Roskomnadzor, Alexander Jarov, citado pela Sputnik.
Os dois meios estão na mira das autoridades que investigam a ingerência russa em eleições, entre as quais as presidenciais do ano passado nos Estados Unidos. São acusados, pelos serviços de informações norte-americanos, de terem manipulado a percepção de milhões de eleitores em favor de Donald Trump. E, destaca o El País, a RT e a Sputnik difundiram “exageros e meias verdades” sobre a crise na Catalunha.
“Normalmente, [estes meios de comunicação] procuram ampliar o alcance da mensagem, com informações repetitivas, explosivas, falsas ou negativas”, disse o presidente da Alphabet, acrescentando que é possível detectar os padrões destas informações e baixar a relevância que têm no motor de busca.
“Se continuam a desinformar, vai ser pior. Não queremos chegar a proibi-los. Não é a nossa maneira de funcionar”, declarou Schmidt, citado pelo El País, sublinhando que é “contra a censura”. “Entendo que é legítimo perguntar como damos mais importância a A do que a B. Fazemos isso o melhor que podemos com milhões e milhões de avaliações todos os dias”, sublinhou.
Os conteúdos de ambos os meios estão disponíveis online (a RT também tem transmissão televisiva) e estão traduzidos em mais de 30 línguas, incluindo português. Por isso, não são considerados pela União Europeia como meios de comunicação estrangeiros e há uma grande probabilidade de aparecerem na pesquisa dos cidadãos europeus. O mesmo acontece nos Estados Unidos, onde o Departamento de Justiça exigiu, na semana passada, que a RT e a Sputnik se registem como órgãos estrangeiros.