Médicos também querem recuperar anos de congelamento. "O sol quando nasce é para todos"
Depois do acordo alcançado com os professores, o Sindicato Independente dos Médicos ameaça "endurecer a luta". “A palavra do Governo tem de ser séria e tem de ser para todos."
A exigência de que o tempo congelado nos últimos anos conte para efeitos de progressão na carreira agudizou-se entre os médicos. “Quando o sol nasce tem de ser para todos”, reagiu o presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Roque da Cunha, adiantando que o endurecimento das formas de luta vai estar sobre a mesa numa reunião do conselho nacional deste sindicato, marcada para sexta-feira.
Esta posição surge um dia depois do compromisso alcançado com os professores, relativamente aos quais o Governo se comprometeu a recuperar o tempo de serviço que esteve congelado, embora não se saiba quando nem em que moldes.
“Não é por a berraria ser maior num dado sector que o descongelamento não se deve aplicar a toda a função pública”, criticou Roque da Cunha, para quem “a palavra do Governo tem de ser séria e tem de ser para todos”.
Num comunicado em que avisam o Governo “de que não será de espantar uma adesão maciça da classe médica a manifestações de repúdio”, o SIM fala de “um roubo institucional”. Alegam que o Orçamento de Estado para 2018 limita “a progressão dos médicos aos pontos adquiridos a partir de 2011”, quando o que está em causa, como adiantou “são 12 anos que não contaram para efeitos de progressão”, ou seja, desde 2005.
"Se há carreira em que os profissionais estão habituados a uma rigorosa e criteriosa avaliação, com prestação de provas públicas, é a carreira especial médica", acrescenta o comunicado do SIM. No caso dos médicos, que dispõem de um sistema específico de avaliação, o chamado SIADAP 3, a avaliação de desempenho não foi feita entre 2004 e 2010 e, em processo de negociação colectiva, o Governo concordou atribuir a cada médico um ponto por cada ano sem avaliação. E mesmo depois disso, em 2011 e 2012, os médicos voltaram a não poder ser avaliados, tendo voltado a receber um ponto por cada um desses anos.
Mais recentemente, no biénio 2013/14, o sistema de avaliação avançou mas apenas residualmente, tendo, segundo Roque da Cunha, abrangido cerca de 10% dos médicos de família e nenhum hospital, “por incompetência de muitas administrações e chefias cuja culpa morreu solteira”, acrescenta o SIM no referido comunicado.