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Uma app portuguesa que liga compradores e viajantes

Se gosta de produtos que não estão à venda em Portugal (ou são mais baratos lá fora) experimente esta aplicação para os comprar com a ajuda de viajantes.

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Pedro Vilela (esq.) e Pedro Almeida são os criadores da Hand2Hand DR

Costuma aproveitar as viagens de amigos ou familiares para lhes pedir que comprem aquele produto que não consegue comprar localmente ou que, noutras paragens, sai mais barato? Agora pode fazer o mesmo com desconhecidos, através de uma aplicação para smartphone criada por dois portugueses.

Chama-se Hand2Hand e foi lançada, para Android e iOS, há precisamente dois meses. Através desta app, pode ligar-se a qualquer utilizador que viaje para um destino onde pode adquirir o produto pretendido e entregá-lo no dia e no local combinado.

A ideia nasceu quando Pedro Vilela, um dos criadores da app, vivia em Londres, mas só mais tarde se tornou uma realidade. “Os meus colegas estavam sempre a pedir-me para que na próxima viagem a Portugal lhes comprasse vinho português, que em Inglaterra é mais caro e difícil de comprar, e outros produtos que em Portugal são mais baratos, como tabaco”, conta este lisboeta de 34 anos, formado em gestão e em marketing.

Regressado a Portugal, foi outro Pedro — Pedro Almeida — quem deu o impulso que faltava para transformar uma necessidade de alguns num negócio disponível a qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo. “Estávamos num café, no Restelo [em Lisboa], num belo fim de tarde quando o Pedro me disse: ‘Lembras-te daquela tua ideia? É possível fazer uma app e lançar um negócio’”. Começaram então a pensar seriamente no assunto. Londres tinha ficado para trás, Pedro Vilela “estava entre projectos” e Pedro Almeida, também de 34 anos e formado em engenharia electrotécnica, não andava muito satisfeito com o que fazia. Com programadores na Ucrânia e o apoio norte-americano para um plano de negócios, lançaram a Hand2Hand que, nestes dois meses de vida, ganha 175 novos utilizadores por dia, em média.

A app é gratuita mas a empresa dos dois Pedros cobra 10% de comissão (e leia até ao fim que a Fugas abre-lhe a porta a um desconto).

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Diferentes ecrãs da aplicação móvel que permite adquirir, por compra directa ou licitação, produtos não disponíveis localmente DR

Um exemplo, para demonstrar como tudo funciona, as vantagens e os riscos — que também os há. Imagine um cidadão do Rio de Janeiro que quer comprar um produto qualquer, seja gadget, comida, tabaco ou roupa. Em vez de o comprar numa loja da sua cidade, onde vai pagar mais caro devido às elevadas taxas alfandegárias aplicadas pelo fisco brasileiro sobre produtos importados, o potencial comprador pode colocar uma encomenda na app. Depois, basta que algum turista ou viajante que tenha como destino o Rio de Janeiro aceite essa encomenda, compre o produto no seu ponto de origem e acerte o preço, data e local de entrega com o comprador.

Outro cenário possível é estar interessado num produto estrangeiro que é muito caro em Portugal ou que não está à venda por cá — aquele vinho da Argentina, os charutos cubanos, o último modelo de sapatilhas da sua marca preferida. Pode entrar na aplicação e deixar uma encomenda para algum utilizador que viaja para Portugal ou — melhor ainda — pode encontrar logo alguém que anuncia ter aquele produto desejado nas suas mãos e que o vende a um determinado preço. Há uma aplicação concorrente desta, a Garbr, menos versátil porque não permite a compra imediata — mas vale a pena experimentar as duas e comparar.

Por razões de segurança, todas as transacções são feitas por cartão de crédito e as verbas envolvidas só são desbloqueadas quando o comprador confirmar que recebeu o produto encomendado nas condições correctas.

Para quem viaja, é uma forma de ganhar uns euros, para quem compra é uma forma de poupar — ou pelo menos de obter aquele produto que não estava à venda por perto — e para quem quiser experimentar depois deste texto, a Fugas tem uma pequena oferta: se introduzir o código fugaspublico na app, estará isento da comissão de 10% na sua primeira venda (e já agora descreva-nos a experiência para fugas@publico.pt). Fora isso, convém ter alguns cuidados básicos: não aceite (nem faça) encomendas de produtos ilegais no país de destino; não exceda as quantidades permitidas para não correr riscos na alfândega; teste sempre (como comprador) o produto encomendado antes de confirmar a recepção.

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