Morreu Totò Riina, o “chefe dos chefes” da máfia siciliana
O antigo líder da Cosa Nostra cumpria 26 penas de prisão perpétua. Tinha 87 anos.
O antigo líder máximo da sociedade criminosa Cosa Nostra, Salvatore Riina (mais conhecido por "Totò" Riina), morreu na madrugada desta sexta-feira em Parma, na Itália. A notícia da morte do mafioso de 87 anos, preso há 24, foi avançada pela imprensa italiana. Além de ser conhecido como “chefe dos chefes”, Riina, detido no início da década de 1990, era também conhecido como “a fera”.
O italiano morreu de cancro um dia depois de ter completado 87 anos, e estava em coma induzido desde a semana passada. Nessa altura, foi dada uma autorização especial à sua família para que o pudessem visitar na ala dos reclusos, no hospital de Parma, Norte de Itália; antes disso, só podia receber visitas dos seus advogados. O seu filho mais velho (de quatro), Giovanni, foi detido em 1996 e está também a cumprir uma prisão perpétua por quatro homicídios que datavam de 1995.
Totò Riina foi detido em Palermo, no início do ano de 1993, após duas décadas de domínio na ilha siciliana, marcadas por mortes e terror. Foi condenado a 26 sentenças de prisão perpétua por ter “encomendado” mais de cem homicídios, matando ainda 40 pessoas pelas suas próprias mãos — e esteve também por trás de uma série de explosões nas cidades italianas de Roma, Milão e Florença, que provocaram a morte a dez pessoas.
Entre as mortes mais mediáticas está a dos juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, conhecidos pelo seu trabalho incessante para levar à justiça mais de 300 criminosos ligados à mafia italiana no final da década de 1980. Falcone foi morto num atentado ordenado pela Cosa Nostra, que matou ainda a sua mulher Francesca Morvillo e três dos seus seguranças; dois meses depois, o colega e amigo de Falcone, Paolo Borsellino, morria na sequência de uma explosão, engenhada pela mafia siciliana.
Com a prisão de Totò em 1993, a mafia siciliana entrou em derrapagem, com a detenção de vários outros chefes ao mesmo tempo que aumentavam os ajustes de contas entre famílias. Mais tarde, soube-se que o Estado italiano negociou com a Cosa Nostra nos início dos anos 1990 para tentar travar uma vaga de assassínios e atentados.