Antiga procuradora-geral acusa Maduro de crimes contra a humanidade
Luisa Ortega Díaz apresentou um pedido de captura internacional junto do Tribunal Penal Internacional em Haia. Acusa o regime chavista de cerca de 8000 assassinatos entre 2015 e 2017, de tortura e de "limpeza social".
Luisa Ortega Díaz, antiga procuradora-geral da Venezuela, apresentou um pedido de captura internacional no Tribunal Penal Internacional com sede em Haia contra Nicólas Maduro e vários membros do Governo venezuelano, acusando-os de serem responsáveis pelo homicídio de cerca de 8000 pessoas.
Segundo dá conta o El País, Ortega apresentou a denúncia contra outras quatro figuras do regime de Caracas: o ministro da Defesa, Vladimir Padrino; o ministro do Interior e da Justiça, Néstor Reverol; o director do chamado Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional , Gustavo González López; e o líder do Governo do Distrito Capital, Antonio Benavides Torres.
Ortega Díaz era uma aliada próxima de Hugo Chávez, mas, já com Maduro no poder, tornou-se a figura do Estado mais incómoda do aparelho chavista. Em Agosto, acabou destituída pela Assembleia Constituinte criada pelo Presidente, e fugiu da Venezuela por temer pela sua vida.
Agora acusa o regime de “crimes contra a humanidade”, afirmando que tem “mais de mil elementos probatórios”. A denúncia refere-se ao período entre 2015 e Junho deste ano, numa altura em que as ruas da Venezuela se enchiam de manifestantes que protestavam contra a liderança de Maduro. “Estamos a denunciar que em 2015 foram assassinadas 1777 pessoas por funcionários policiais e militares, no ano de 2016 4667 sob as mesmas condições e até ao mês de Junho deste ano registou-se o assassinato de 1846 pessoas, todas sob ordens do executivo, apoiados num plano que é seguido pelo Governo de limpeza social, uma razia”, afirmou a antiga procuradora-geral aos jornalistas, citada pelo El País.
Ortega acusa assim o regime chavista de “assassinatos, tortura, encarceramento, assim como um ataque sistemático e generalizado contra a população civil”, entregou em Haia documentos como relatórios médicos, perícias psiquiátricas, inspecções técnicas e entrevistas. Segundo diz, toda esta documentação provam cerca de “17 mil detenções arbitrárias, centenas de casos de tortura e a militarização da segurança cidadã que permitiu o uso de armas de fogo nas manifestações, que traz como consequência a morte e a repressão”.