São três da tarde de domingo quando entramos no The Couch Bar. Bem composto àquela hora da tarde, perdemo-nos entre ecrãs que passam, maioritariamente, futebol de diferentes ligas. Mas, ali, no recente bar do Cais do Sodré, em Lisboa, a táctica é passar o que o cliente quiser. Afinal, há 32 ecrãs, mais de 3000 canais. A partir daqui, é só escolher. Quem o diz é Francisco Moura Guedes, que, com Tomás Crespo, José Nuno Gaspar e Francisco Alves de Sá querem fazer daqueles 300 metros quadrados no 21 da Rua do Alecrim a meca do desporto na cidade.
A ideia de Tomás Crespo, o gerente, surgiu há cinco anos. Culpa da burocracia, necessária para abrir o espaço que entrou em obras há ano e meio, só conseguiram abrir portas em Agosto. Metade é do Benfica, metade é do Sporting. Têm “grandes discussões” no que toca aos clubes, mas em relação ao The Couch não houve diferendos que não fossem resolvidos.
Não é um pub nem uma cervejaria, mas há cerveja. Não é um café, mas há petiscos. É um sports bar, que é como quem diz um bar dedicado ao desporto. “Faltava um espaço assim” na cidade, diz Francisco, depois de os quatro sócios terem viajado por Inglaterra, Estados Unidos, América do Sul e Espanha, onde buscaram a inspiração para criar “uma coisa à portuguesa”.
Naquela tarde de domingo, dois sportinguistas equipados a rigor denunciavam que era dia de jogo. Mas só mais tarde se saberia que acabaria por não correr assim tão bem (empate a duas bolas com o Braga). Mas, ainda que a conversa passe sempre pelo futebol, cabem lá todas as modalidades, garante Francisco Moura Guedes. Por exemplo, o mais-que-esperado combate, que, em Agosto, opôs os pugilistas Conor McGregor e Floyd Mayweather, encheu-lhes a casa que tinham aberto há pouco mais de uma semana. “Eram 5h da manhã e tínhamos fila. Foi uma loucura”, recorda.
“Conseguimos conciliar o melhor de dois mundos: o sports bar típico americano, com televisores que nunca mais acabam, com aquilo que é a realidade portuguesa. Faz sentido termos um espaço cheio de néones em que só vendemos hambúrgueres?”, pergunta. Não, responde. Por isso, mantiveram-se as portas em madeira que foram aproveitadas da antiga loja de discos Trem Azul e acrescentaram-se bancos altos em madeira, outros em couro, o balcão de mármore e as paredes escuras.
Quiseram inovar com “ecrãs a sério, ecrãs de dois metros e meio”. Destes, têm dois que são quase do tamanho da parede. Para quem consegue estar sentado, há quase 100 lugares. E quem quiser estar concentrado em determinada partida, pode fazê-lo através da rede de wi-fi, com os auscultadores e o telemóvel, e ouvir o canal que quiser, sem ter que levar com o burburinho de tantas paixões a revelar-se em simultâneo.
Entre os clientes, Francisco Moura Guedes diz que a posse de bola está 50-50 entre portugueses e estrangeiros. “Os portugueses não gostam tanto de desporto; gostam do seu clube”, nota. Explica que as pessoas podem simplesmente ligar e escolher entre a lista dos canais de que o The Couch dispõe, mesmo que seja um pay-per-view (em que é preciso pagar para assistir a determinados eventos). Já aconteceu, conta Francisco, com um combate de kickboxing de um atleta do ginásio Kolmachine, de Lisboa, que ia combater na Holanda, e que reuniu cerca de 60 pessoas na sala Grant’s do The Couch, que pode ser reservada para grupos. O mesmo numa despedida de solteiro que reuniu, no bar, 18 ingleses que queriam ver um jogo da segunda divisão da liga inglesa. E viram.
“Pode vir aqui sozinho ou pode vir um grupo de 20 pessoas”, diz Francisco. Para almoçar, beber um copo ou jantar fora de horas.
A carta, da autoria do chef Tiago Catalão, vai desde os petiscos típicos como as chicken wings (asinhas de frango) com maionese picante (6 euros) ou as ribs (costelas a 14 euros) — a América tinha que lá estar — até ao tradicional pica-pau (11 euros). Nas entradas, há ainda ovos-rotos com queijo, salame, cebola, maionese e ervas frescas (8 euros) e croquetes (2,50 euros). Isto se falarmos em comida para partilhar. Depois há sanduíches de barriga de porco desfiada (10,50 euros) ou salmão com guacamole e ovo escalfado (8,50 euros). Para sobremesa há, por exemplo, uma fatia de cheesecake (6 euros).
A bebida está a cargo de Nuno Ferreira (que já passou pelo pub The George), que criou uma carta de 12 cocktails, todos inspirados em grandes atletas. O antigo tenista norte-americano Joe McEnroe dá nome a um cocktail de whisky fumado com pêssegos macerados (8 euros). Babe Ruth, o histórico jogador de basebol, baptiza uma bebida que mistura o mezcal com a canela (8 euros). Já a “lenda” do futebol brasileiro Pelé é um “detox” à base de sumo de beterraba (8 euros). O vencedor deste campeonato, diz Francisco, é o The Couch Mojito (7 euros). Depois há cerveja, claro, entre os dois e os 5,50 euros.
Para já, têm pedidos de reserva para assistir à Super Bowl, o jogo do campeonato da National Football League, a principal liga de futebol americano dos Estados Unidos, que decide o campeão da temporada. Que se realiza apenas em… Fevereiro. Até lá, bons shots. Seja lá de quais forem.