Projectos das 82 estações do Metro do Porto cedidos à Casa da Arquitectura

O acervo estará acessível ao público no arquivo das novas instalações da Casa de Arquitectura que inauguram na próxima semana. Antes disso haverá uma exposição.

Foto
Uma das maquetes

Maquetas, fotografias e desenhos gráficos relativos a todas as fases de projecto da construção das 82 estações do metro do Porto vão ser cedidos à Casa de Arquitectura (CA), que inaugura as novas instalações no antigo edifício da Real Vinícola, em Matosinhos, com três dias de festa, entre 17 e 19 deste mês.

A colecção Elementos de Arquitectura "Estações de Metro", composta por materiais usados pelos arquitectos envolvidos na fase de concepção da obra, será transferida no próximo dia 24 para o novo espaço onde funcionará o Centro Português de Arquitectura para se juntar a outros acervos já reunidos pela CA como são exemplo os desenhos e maquetas de obras construídas em Matosinhos por arquitectos como Álvaro Siza, Fernando Távora, Alcino Soutinho, Nuno Brandão Costa e Eduardo Souto de Moura ou o projecto do Museu dos Coches, da autoria de Paulo Mendes da Rocha e Ricardo Bak Gordon.

É acervo que ficará em arquivo, mas disponível a todos os investigadores e curiosos que queiram consultar os registos dos arquitectos envolvidos na construção das 82 estações. São eles: Adalberto Dias, Álvaro Siza, Castro Calapez, José Bernardo Távora, José Gigante, Manuel Fernandes Sá, Rui Passos Mealha, Rogério Cavaca, Souto de Moura, Alcino Soutinho e João Álvaro Rocha.

A colecção ficará igualmente disponível numa plataforma online, ainda em desenvolvimento, que servirá de apoio à busca de acervos e obra de arquitectos. Explica-nos o director-executivo da CA, Nuno Sampaio, que este serviço, além de permitir o acesso online às obras, encaminhará o utilizador para o espaço físico onde elas se encontram.

Nesta quinta-feira, dia em que assinou o protocolo de cedência do espólio à instituição em conjunto com o presidente da mesma entidade que dirige, José Dias da Fonseca, e com Jorge Moreno Delgado e Pedro Azeredo Lopes, respectivamente o presidente e o administrador da Metro do Porto, adiantou que a transferência do material até agora guardado no arquivo da empresa de transportes corresponde apenas à primeira fase. “Numa segunda fase vamos convidar todos os arquitectos envolvidos a juntarem-se a todo este processo para que nos possam doar esquissos, croquis e outros materiais que tenham sido usados, no sentido de ampliar o acervo”, conta. Toda esta recolha culminará numa última etapa antes de seguir para o arquivo: “Depois queremos fazer uma grande exposição”.

Nuno Sampaio sublinha a importância do material cedido pela empresa à CA: “Na altura em que foi lançado era o maior concurso de construção da Europa”. Outro factor que justifica a inclusão deste espólio no arquivo da instituição é o facto de ter sido um projecto “liderado por arquitectos”. O que entende ter sido fundamental em termos de resultado e de enquadramento dos edifícios na paisagem urbana.

Diz o presidente da Metro do Porto, Jorge Moreno Delgado, que são “milhares” de materiais os que estão guardados nos arquivos da empresa e que agora serão cedidos à CA. Numa primeira fase, por uma questão de “facilidade” logística, serão transferidos para o edifício da antiga Real Vinícola as maquetas. Só depois seguirão os restantes elementos gráficos que ainda estão a ser seleccionados.

Desde que a direcção da CA mostrou interesse em tornar-se responsável pelo acervo, a decisão foi quase “automática”. “É um espólio que temos em nosso poder e por isso temos a responsabilidade ética de o preservar e de o manter. Não sendo essa a nossa vocação principal nem o core business da empresa este foi sendo um problema constantemente adiado à procura de uma oportunidade e de uma ideia”, afirma. Considerou a empresa que a CA, que conta com uma equipa especializada” reúne todas as condições para concretizar essa tarefa. O interesse demonstrado, diz, é também “o reconhecimento do valor arquitectónico” de um projecto que “várias vezes recebeu prémios internacionais”.

Sugerir correcção
Comentar