Príncipes herdeiros portugueses aproveitaram receio saudita para desfilarem

Fernando Santos contava com um adversário mais atrevido, mas foi obrigado a perfurar bem fundo até chegar ao filão de golos.

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Portugal festejou três vezes LUSA/NUNO ANDRÉ FERREIRA

Portugal pode ainda não ter um príncipe herdeiro à altura de Cristiano Ronaldo, mas provou frente a uma Arábia Saudita mais cínica e cautelosa do que seria normal que existe gente capaz e personalizada para garantir uma sucessão pacífica, vencendo por 3-0.

Fernando Santos pretendia testar outras culturas futebolísticas, desafiando o desconhecido. E, do Médio Oriente, podíamos esperar velocidade, individualidade e imprevisibilidade. ?Mas o seleccionador dos sauditas, o argentino Bauza, tinha uma agenda diferente. O confronto com grandes selecções no Mundial exige uma abordagem diferente e foi isso que Portugal percebeu de imediato ao olhar para o bloco formado pelo quinteto defensivo do adversário, a escorar um meio-campo mais preocupado com as “costas”.

Seguindo a lógica da “revolução” lusa, que prescindiu da elite para os dois particulares com sauditas e norte-americanos, Bauza deixou quatro das suas mais influentes unidades de fora deste ensaio. ?Para contrabalançar, provando ter estado atento ao discurso de Fernando Santos — que se limitou a estrear Kévin Rodrigues no “onze” —, o antigo seleccionador argentino entrincheirou dez homens no primeiro terço do terreno, enviando Hazaa numa missão suicida, condenada ao fracasso absoluto.

A Portugal competia perfurar sem cesar até encontrar o filão de ouro negro que catapultasse a equipa para um nível próximo do que garantiu o apuramento directo para o Mundial 2018. E em noite de apoio às vítimas dos incêndios, a equipa foi generosa e solidária, ainda que demasiado perdulária.

Antes de fechar as contas, o génio de João Mário esbarrava no poste. Bernardo armava os “mísseis”, mas Gonçalo Guedes falhava o alvo. Portugal impunha um ritmo alto, mas o golo tardava, dando confiança aos sauditas. Sentimento destruído pelo “anfitrião” vindo de Moscovo, num gesto simples, mas eficaz.

Portugal preparava-se para a espiral de substituições e estreias, fazendo questão de continuar a mandar com pulso firme. O golo de Guedes confirmou-o e Fernando Santos pôde, já sem correr riscos, iniciar a fase de testes que João Mário selou sem mácula.

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