Associação diz que estão em risco cinco mil postos de trabalho nas serrações

Para o presidente da Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal, é na área das serrações e carpintarias que se vai sentir um maior impacto, face à falta de matéria-prima que o sector vai sentir nos próximos anos.

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Adriano Miranda

Os incêndios vão reduzir drasticamente a matéria-prima e muitas serrações poderão fechar nos próximos cinco anos, levando a uma perda directa de cinco mil postos de trabalho, alertou esta quarta-feira o presidente da associação da fileira da madeira.<_o3a_p>

"Pelo impacto directo do incêndio, vão estar em risco cinco mil postos de trabalho", disse o presidente da Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP), Vítor Poças, que falava à agência Lusa após uma reunião em Pombal, que contou "com cerca de 150 empresários", a maioria de serrações e carpintarias.<_o3a_p>

Para o dirigente associativo, é na área das serrações e carpintarias que se vai sentir um maior impacto, face à falta de matéria-prima que o sector vai sentir nos próximos anos.<_o3a_p>

Além da perda directa de postos de trabalho, também poderá haver reduções de pessoal de forma indirecta, por poder ser um momento em que as empresas de maior dimensão reforcem a sua posição e garantam o mesmo trabalho com menos recursos, através do factor tecnológico, explicou Vítor Poças.<_o3a_p>

"Uma das características basilares do sector era que fixava muita mão-de-obra no interior", notou, sublinhando que, por agora, os empresários ainda estão "um bocadinho anestesiados" face à madeira queimada em excesso.<_o3a_p>

No entanto, "daqui a dois anos vem por aí a desgraça", constatou.<_o3a_p>

A reunião contou com a presença do secretário de Estado das Florestas, Miguel Freitas, que teve a oportunidade de ouvir as preocupações e reivindicações do sector.<_o3a_p>

Segundo o presidente da AIMMP, a associação pretende um aumento da linha de financiamento para a constituição dos parques da madeira queimada e um reordenamento da floresta para garantir propriedades com dimensão que permitam a sua exploração, querendo ainda que o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) coloque à venda a sua madeira, "com possibilidade de pagar em prestações".<_o3a_p>

Face aos oito milhões de metros cúbicos de pinho ardido, Vítor Poças acredita que, mesmo com as medidas anunciadas de parqueamento da madeira e outras que possam atenuar o problema, muita vai "apodrecer de pé".<_o3a_p>

"Não temos capacidade produtiva para escoar num tempo aceitável a madeira que queimou", constatou.<_o3a_p>

Em declarações à Lusa, o secretário de Estado das Florestas sublinhou que já está disponível uma linha de crédito de cinco milhões de euros para a constituição de parques para a madeira queimada e em breve também estarão disponíveis três milhões para a comercialização da madeira.<_o3a_p>

As matas públicas neste momento têm um milhão de metros cúbicos de pinho queimado, considerando que o ICNF poderá funcionar como "principal agente de mercado da madeira queimada", por forma a haver um efeito estabilizador.<_o3a_p>

Miguel Freitas realçou ainda que é preciso uma estratégia em conjunto com o sector, para garantir que o mercado não é inundado por madeira de pinho.<_o3a_p>