Marine Le Pen perde imunidade parlamentar e vai ser julgada
Líder da Frente Nacional publicou imagens de execuções de reféns do Daesh. Pode ser condenada a uma pena até três anos de cadeia e 75 mil euros de multa.
A Assembleia Nacional francesa decidiu retirar a imunidade parlamentar a Marine Le Pen, deputada da Frente Nacional, para que possa responder em tribunal no processo de que é alvo por ter partilhado no Twitter imagens da execução de reféns pelo Daesh, uma delas a do fotógrafo norte-americano James Foley.
Em Dezembro de 2015 foi aberto um inquérito preliminar por “difusão de imagens violentas”, que visava a líder do partido de extrema-direita Frente Nacional (FN). Le Pen tinha partilhado três imagens de execuções feita pelo Daesh, com a legenda “o Daesh é isto!”. Era o seu protesto contra um paralelismo entre a origem dos jihadismo francês e o crescimento da FN, feito pelo jornalista Jean-Jacques Bourdin na televisão BFM, numa entrevista ao especialista em Islão Gilles Kepel.
A líder frontista acabou retirar a imagem da execução de James Foley, a pedido da família dele. Le Pen disse que não sabia quem eram as vítimas do grupo jihadista. As outras imagens são a execução de um piloto jordano e de um soldado sírio.
Le Pen avança como justificação para o uso destas imagens mostrar que é indigno fazer comparações entre o seu partido e o Daesh. “Têm de perceber a gravidade das suas palavras, olhando para a atrocidade dos crimes do Daesh”, afirmou. Comparou o seu acto com a publicação por muitos media em todo o mundo da foto de Aylan, a criança refufiada síria afogada ao tentar chegar com a sua família à Turquia em 2016.
Marine Le Pen tem-se recusado a prestar declarações sobre este processo – como noutras acções judiciais de que é alvo, invocando a sua imunidade como eurodeputada e, mais recentemente, como deputada do Parlamento francês.
Mas o Parlamento Europeu já levantou a imunidade a Marine Le Pen por causa deste mesmo caso, em Março.
Por estes crimes poderá ser condenada a uma pena até três anos de cadeia e 75 mil euros de multa, diz o jornal Le Monde.
A imunidade enquanto eurodeputada de Marine Le Pen já foi levantada uma vez, em 2013, quando foi acusada por “incitamento à discriminação com base em crenças religiosas” por comparar dois muçulmanos a rezar em público com a ocupação nazi de França durante a II Guerra Mundial. O Ministério Público acabou, no entanto, por desistir da acusação.