Hospital de Santo António lidera ranking. Amadora-Sintra melhorou resultados
Nos últimos quatro anos o Centro Hospitalar do Porto conseguiu a melhor classificação entre as unidades mais diferenciadas. Este ano, o ranking também premeia os hospitais que mais melhoraram na mortalidade, complicações e reinternamentos. Hospital Amadora-Sintra foi distinguido.
É o pleno para o Centro Hospitalar do Porto, da qual faz parte o Hospital de Santo António. Pela quarta vez consecutiva, desde que a IASIST — empresa multinacional que se dedica à realização de estudos de benchmarking — publica o ranking que avalia os hospitais, o primeiro lugar da lista pertence à unidade portuense no grupo dos hospitais mais diferenciados do país.
Este ano, o ranking “Top 5 – A Excelência dos Hospitais”, que é apresentado esta terça-feira, dá dois prémios: o “prémio consistência” e o de “evolução clínica”. Também neste último (evolução clínica) o Centro Hospitalar do Porto ficou em primeiro, tal como o Amadora-Sintra, que se destacou no grupo das unidades hospitalares semelhantes.
No ranking “Top 5 – A Excelência dos Hospitais” são avaliados mais de 40 unidades do Serviço Nacional de Saúde — de fora ficam as que se dedicam em exclusivo a um tipo de doença, como os institutos de oncologia —, repartidas em cinco grupos, de acordo com a dimensão e diferenciação dos hospitais. Há ainda um grupo que engloba as unidades locais de saúde (ULS), modelo que junta sob a mesma gestão hospitais e centros de saúde. Uma divisão semelhante à que é feita pelo Ministério da Saúde.
As unidades de saúde são avaliadas pelos resultados conseguidos na mortalidade intra-hospitalar, complicações, readmissões, cirurgia de ambulatório (número de doentes operados à luz do que é esperado), tempo de internamento, custos operacionais por doente padrão, número de doentes por médico em tempo completo e número de doentes por enfermeiro. O ranking tem o apoio do Ministério da Saúde e da Administração Central do Sistema de Saúde.
Este ano a avaliação foi diferente das edições anteriores, com dois prémios: “consistência” e “evolução clínica”.
“O ranking avalia sempre a actividade do ano anterior à publicação. Em 2016 foi introduzida uma nova versão no sistema de classificação internacional de doença — sistema onde é colocada toda a informação do doente — e não seria justo avaliar os hospitais da mesma maneira, quando uns mantiveram a versão habitual e estavam em velocidade de cruzeiro e os outros tiveram a nova versão", explica ao PÚBLICO João Completo, da IASIST Portugal. "Por isso dividimos a atribuição em dois prémios. O de consistência, uma espécie de prémio carreira, que premeia os hospitais que se têm mantido entre os primeiros lugares, e o de evolução clínica, que visa premiar hospitais que, embora possam nunca ter sido nomeados, mostraram um grande progresso nos resultados."
Assim, no "prémio consistência" fica em primeiro lugar o Centro Hospitalar do Porto no grupo E, premiando o facto de ter sido sempre o vencedor entre as unidades mais diferenciadas do país (os hospitais são divididos em grupos, conforme a dimensão e a especialização que têm).
A lista fica completa com o Hospital de Braga no grupo D, Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa no grupo C, Hospital Santa Maria Maior no grupo B e Unidade Local de Saúde do Alto Minho no grupo das ULS. Sem excepção foram todos vencedores ou finalistas nas edições anteriores. Para este prémio foram avaliados todos os parâmetros.
Mas o Centro Hospital do Porto, do qual se destaca o hospital Santo António, também está em primeiro, dentro do seu grupo, no “prémio evolução clínica”. São avaliados os mesmos indicadores que no outro prémio, à excepção dos custos operacionais por doente padrão, o número de doentes por médico em tempo completo e o número de doentes por enfermeiro. “O Centro Hospitalar do Porto tem mostrado uma grande consistência e, mesmo assim, quando avaliamos individualmente os indicadores clínicos, há uma melhoria e por isso ganha também o prémio evolução clínica”, aponta João Completo.
Supremacia do Norte
Em primeiro lugar ficaram também o hospital Amadora-Sintra no grupo D, hospital de Guimarães no grupo C, hospital da Prelada no grupo B — há ainda uma menção honrosa para o hospital da Horta — e unidade local de saúde do Nordeste no grupo das ULS. “O hospital Amadora-Sintra nunca ganhou um prémio, mas teve uma muito boa ao longo dos anos. Trabalho que tem resultado na melhoria da mortalidade, complicações e readmissões. Este é um hospital que é muito avaliado pelas urgências, mas o que se passa no internamento, ambulatório, hospital de dia é tão ou mais importante”, explica.
Tal como em anos anteriores, o ranking mostra a supremacia do Norte em relação ao Sul, com apenas o Amadora-Sintra e o hospital da Horta, que recebeu uma menção honrosa, a fugirem à regra. “Haverá aspectos organizacionais e de cultura de gestão que serão mais bem trabalhados no Norte do que no Sul, mas não há forma de ser provado objectivamente”, diz João Completo.
Para já, a avaliação da IASIST, que já teve como director em Portugal o actual secretário de Estado Manuel Delgado, incide nos hospitais, mas a multinacional não exclui a possibilidade de fazer o mesmo para os centros de saúde. “Há essa vontade de avaliar os centros de saúde, através de outras ferramentas, mas tal como nas urgências a informação disponível não tem os dados agrupamentos e com o detalhe que gostaríamos. Já fizemos uma experiência piloto de avaliação no Norte que correu bem, mas para ampliar é preciso que exista um sistema de classificação semelhante ao dos hospitais”, salienta.