Videoclipe
Captain Boy e a visão aquática do diabo
Esta galeria é uma parceria com o portal Videoclipe.pt, sendo a seleção e os textos dos responsáveis do projeto.
A crónica de Hilário Amorim: Videoclipe, o herói improvável
Foram mais de 30 anos num ambiente comunicativo de mass media, no qual os espetadores expectavam e nada faziam, que ainda hoje vai persistindo uma conceção fragmentária e inconsequente das narrativas para este muito particular género audiovisual, o videoclipe — curiosamente, o cinema existiu mais de 30 anos mudo, mas adaptou-se ao som. Por isso, a atual lógica do social media e dos espetadores que espetam (o rato ou o dedo no ecrã) em parte explicam uma necessária adaptação que recentemente aqui expusemos. Mas quando a música é assim de um dengoso bluesman de voz arranhada que viaja à deriva com a alma pela mão (leia-se guitarra) e nos canta relatos passionais e atormentados da vida dos peixes (leia-se marinheiros, vagabundos, corações ardentes, etc.), até nem importa saber se a rapariga era um dos peixes aprisionados com um desejo ardente de fugir com um tipo que andava sempre com água por perto. Algo terá o jovem Bruno Carreira ficcionado para a deriva emocional do tema Diablo, de Captain Boy, mas, do que se sabe, é que esta é uma das músicas presentes no 1, o álbum onde se contam mais histórias sobre outras tantas fraquezas humanas.
Texto escrito segundo o novo Acordo Ortográfico, a pedido do autor.