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Visita de Trump à Coreia do Sul deixa todos nervosos na região

Presidente dos EUA não vai à zona desmilitarizada entre as duas Coreias, por considerar que a visita se tornou um cliché.

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Donald Trump e Shinzo Abe atiraram comida para peixes num lago de carpas Reuters/JONATHAN ERNST

A ameaça representada pela expansão do programa balístico e nuclear da Coreia do Norte voltará a dominar a agenda do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump esta terça-feira, quando chegar a Seul, vindo de Tóquio – onde deixara ao primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, um conselho para lidar com os ensaios de Pyongyang. “Se comprar mais equipamentos militares aos Estados Unidos, nomeadamente sistemas anti-míssil, pode abater os projécteis em pleno voo e assim garantir a segurança dos japoneses e os postos de trabalho dos americanos ”, disse Trump.

A sugestão do líder norte-americano resume o duplo propósito do seu périplo asiático de 12 dias, iniciado com a visita ao Japão. A agenda tem uma dupla vertente de segurança, com a instabilidade provocada pela agressividade do regime de Pyongyang, mas também comercial – depois de retirar os Estados Unidos do acordo comercial do Pacífico, Donald Trump também pôs em causa as parcerias estabelecidas com vários países individualmente, queixando-se do desequilíbrio das respectivas balanças comerciais.

Em Seul, a tónica irá obviamente para a crise de segurança. Donald Trump vai visitar a principal base das 28.500 tropas norte-americanas estacionadas no país – o gigantesco Camp Humphreys, a cerca de cem quilómetros da fronteira – mas ao contrário de outros líderes, não irá até à zona desmilitarizada por considerar que a visita se tornou um cliché. Mesmo assim, os analistas políticos da região dizem que nenhuma outra paragem de Trump tem tanto potencial desestabilizador como as 24 horas que vai passar na Coreia do Sul.

Na Coreia do Norte, a presença do Presidente dos EUA está a ser interpretada como uma provocação. Segundo os media estatais, o regime de Kim Jong-un está preparado para responder “de forma decisiva e sem misericórdia, através da mobilização de todas as suas forças” às “loucuras” do líder norte-americano. “Ninguém pode prever quando o velho lunático que ocupa a Casa Branca vai perder a cabeça e começar uma guerra nuclear. Devemos lembrar-lhe, mais uma vez, que se quiser evitar a ruína, deverá parar com as suas provocações”, escrevia o jornal Rodong Sinmun.

No encerramento da visita ao Japão, Abe e Trump repetiram que “a era da paciência estratégica com a Coreia do Norte acabou” e insistiram que “todas as opções estão em cima da mesa”. “Apoiamos sempre a opinião do Presidente Trump, bem como a sua política de manter em aberto todas opções para responder às acções provocatórias da Coreia do Norte”, lembrou Shinzo Abe, o líder internacional com melhor relacionamento com o Presidente dos Estados Unidos (já se encontraram por seis vezes e mantiveram 16 conversas telefónicas).

Porém, nenhuma dessas opções parece passar pela diplomacia, que é a abordagem que o Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, quer privilegiar. Essa é uma estratégia que não convence Trump, que não se mostrou interessado nas propostas do sul-coreano para o “apaziguamento” de Kim Jong-un. “Durante mais de 20 anos, a comunidade internacional andou a tentar dialogar com o regime. Agora não é tempo de diálogo, mas de aplicar a maior pressão possível à Coreia do Norte”, sublinhou o Presidente dos EUA em Tóquio, elogiando a “postura muito, muito agressiva” do primeiro-ministro japonês. 

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