Inês de Medeiros coliga-se com o PSD em Almada
Depois de protagonizar a maior surpresa da noite das autárquicas, Almada confirma uma mudança de monta. Os vereadores do PCP não têm pelouros, pela primeira vez.
Está consumada a maior mudança política em Almada desde o 25 de Abril: o PS, que ganhou as últimas autárquicas, vai governar a câmara municipal em coligação com o PSD. Pela primeira vez em mais de 40 anos, os vereadores do PCP não têm pelouros.
Na câmara agora liderada pela socialista Inês de Medeiros, o PS tem quatro eleitos, o PCP outros quatro, o PSD dois e o Bloco de Esquerda um. Foi com os sociais-democratas que a nova autarca chegou a acordo para garantir a estabilidade governativa. O entendimento foi noticiado primeiramente pelo Observador.
“Nós oferecemos pelouros a todos os vereadores, pelouros que achámos significativos”, explica Inês de Medeiros ao PÚBLICO. “Fomos mantendo a negociação com as três forças políticas” nas últimas semanas, continua a presidente da câmara, acrescentando que o diálogo acabou por só ser frutífero com o PSD.
O Bloco de Esquerda, que elegeu Joana Mortágua para a autarquia, emitiu um comunicado na segunda-feira a explicar que não assume pelouros porque a coligação com o PS não permitiria “determinar a formação de uma maioria transformadora à esquerda”. Apesar disso, diz Inês de Medeiros, o partido mostrou-se disponível para acordos pontuais nos próximos quatro anos.
No mesmo dia, também o PCP se pronunciou, igualmente através de comunicado, explicando que enviara “uma proposta de distribuição de pelouros” a Inês de Medeiros com base no “historial” da autarquia, mas que a nova autarca não respondera.
Assim, são os dois eleitos do PSD que assumem responsabilidades governativas. Miguel Salvado vai integrar a administração dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS), de que Inês de Medeiros será presidente, e fica ainda responsável pelas redes viárias. Já Nuno Matias vai ter a pasta dos espaços verdes e estratégia ambiental. Segundo a presidente, “houve a preocupação desde o início de atribuir pelouros em função da mais-valia que podia trazer cada um dos vereadores”.
Os novos membros da câmara e da assembleia municipal de Almada tomaram posse há uma semana, no Teatro Joaquim Benite. Na ocasião, Inês de Medeiros disse que “ao confiarem na mudança, ao fim de 41 anos de poder inalterável, os almadenses deram um grande sinal de maturidade democrática”, mas assegurou que “a alternância não significa ruptura”. Ainda assim, prometeu “uma nova atitude na governação da câmara” que transforme Almada numa “terra de oportunidades”.
No comunicado de segunda-feira, o PCP informou que deixou uma ‘herança’ de 22 milhões de euros nos cofres da autarquia.