Fórum Cidadania Porto apela à câmara para evitar fecho da Confeitaria Cunha
Futuro da histórica confeitaria pode estar em causa, depois de ter recebido uma ordem de despejo. Mas a autarquia afirma que o pedido para o estabelecimento integrar o programa Porto de Tradição, que protege as lojas históricas, foi esta segunda registado nos serviços camarários.
O Fórum Cidadania Porto defendeu esta segunda-feira "a necessidade urgente" de a câmara do Porto fazer os "possíveis" e "impossíveis" para que a Confeitaria Cunha não encerre. A autarquia garante que a loja foi esta segunda registada no programa 'Porto de Tradição'.
Num apelo dirigido ao presidente da câmara do Porto, Rui Moreira, o Fórum salienta tratar-se de "uma obra emblemática de Victor Palla e Bento d'Almeida, datada dos anos 70 e um dos marcos do Moderno na cidade do Porto".
"Confessamos a nossa perplexidade, não tanto pelo esquecimento a que os serviços da Direcção Regional de Cultura do Norte votaram este espaço - que vem no seguimento do que têm feito em várias outras situações - mas pelo facto de o espaço do snack-bar Cunha não estar já Classificado de Interesse Municipal e, mais recentemente, no rol de lojas contempladas pela iniciativa camarária 'Porto de Tradição'", afirma.
Trata-se de uma "obra total" em que "a dupla de arquitectos - formada, aliás, na Escola do Porto (onde se refugiariam do academicismo lisboeta e onde se conheceram) - pôde pensar todos os detalhes, como era comum à sua praxis, tomando particular interesse e inventividade na tipologia por eles importada do snack-bar", acrescenta.
O Fórum Cidadania Porto lembra que, recentemente, se realizou "uma grande retrospectiva" no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, que deu a conhecer "o seu trabalho transdisciplinar e cujo catálogo contém importantes contributos para o entendimento da singularidade da sua obra no panorama nacional e mesmo internacional: Victor Palla e Bento d' Almeida. Arquitectura de outro tempo".
A câmara do Porto confirmou à Lusa que o pedido da Confeitaria Cunha, estabelecimento fundado na cidade em 1906 e que pode ter de encerrar, para integrar o programa 'Porto de Tradição' foi esta segunda-feira registado nos serviços camarários.
"A Câmara do Porto recebeu um pedido de reconhecimento de loja histórica, no âmbito do programa "Porto de Tradição", do estabelecimento Cunha, registado dia 30 de Outubro de 2017 nos nossos serviços", avançou à agência Lusa fonte do gabinete de imprensa da autarquia, após um pedido de esclarecimento desta agência sobre se aquele estabelecimento comercial centenário da cidade estava, ou não, no rol de lojas contempladas pela iniciativa camarária.
A mesma fonte indicou que o pedido chegou aos serviços camarários na sexta-feira transacta. "Como é do conhecimento público, o programa 'Porto de Tradição protege as lojas históricas que apresentem pedido/requerimento e, dessa forma, através da análise de um grupo independente, têm a possibilidade de reconhecimento como estabelecimento de interesse histórico e cultural ou social local", acrescentou a mesma fonte.
Na edição de sábado, o Jornal de Notícias noticiou que o novo dono do prédio Emporium, onde está instalada a Confeitaria Cunha, fundada em 1906 como padaria, não quer renovar o contrato de arrendamento que termina a 30 de Abril de 2018.
Segundo o JN, "embora não se saiba qual o projecto que o novo proprietário - a Emporium 658-Investimentos Imobiliários, Lda - tem em mente, os funcionários da Cunha suspeitam de hotelaria".