Deixar um Uber à espera vai custar dez cêntimos por minuto

Empresa lança novas funcionalidades na aplicação dos motoristas.

Fotogaleria
Nelson Garrido
Fotogaleria
Nelson Garrido
Fotogaleria
Nelson Garrido

Um utilizador que chame um motorista através da plataforma Uber e que o deixe à espera – porque está distraído a conversar com amigos, porque afinal se tinha esquecido do porta-chaves noutro lado qualquer – vai começar a pagar uma taxa pelo tempo de espera que está a impor ao motorista. Caso este tenha de esperar mais de dois minutos no local de recolha até que o utilizador esteja pronto a viajar, começará a receber um valor de espera fixo de 0,10 euros por minuto. E ao utilizador que decida cancelar uma viagem mais de dois minutos depois de a ter feito (e não a partir dos cinco minutos como até agora), ser-lhe-á cobrada uma taxa de cancelamento de 2,5 euros. Estas são apenas algumas das medidas que a Uber vai introduzir a partir desta segunda-feira, e que se inserem num pacote de iniciativas mais amplo com vista a melhorar a experiência, a flexibilidade e o rendimento dos motoristas que querem trabalhar com a plataforma Uber.

Estas iniciativas foram apresentadas pelo director-geral da Uber para a Ibéria, Rui Bento, nesta segunda-feira no Porto durante a inauguração do segundo espaço físico de apoio especializado destinado a receber os motoristas e parceiros, o novo Greenlight Hub do Porto, que já tem as portas abertas no espaço empresarial da Lionesa, em Leça do Balio, Matosinhos. A ideia, explica Rui Bento, passa sempre por melhorar a experiência de quem usa a aplicação que chegou a Portugal há cerca de três anos – tantos dos utilizadores como dos motoristas.

Há um milhão de utilizadores da plataforma Uber em Portugal – pelo menos é esse o número de descargas da aplicação para dispositivos móveis. E há cerca de três mil motoristas e parceiros, que oferecem o serviço de transporte de passageiros através da aplicação nas cidades de Lisboa, Porto e na região do Algarve. Mas o ano de 2017 foi, para a Uber em Portugal, o “ano do motorista”, uma forma de a empresa mostrar que coloca em primeiro lugar a comunidade de motoristas. Rui Bento explica que durante este ano ouviram muitos profissionais desta área e a própria direcção da Uber fez muitas viagens pelas cidades portuguesas, para melhor perceber de que se queixam os motoristas e como pode ser melhorada também a experiencia destes.

Por isso, Manuel Pina, director de operações, organiza em três segmentos o tipo de medidas hoje anunciadas: “as que melhoram a flexibilidade, os rendimentos e a segurança e a expêriencia que tem o motorista”. Para além da cobrança de taxas aos utilizadores que cancelem as viagens depois dos motoristas já estarem a caminho, ou os façam estar à espera mais do que dois minutos (e estas medidas inserem-se no pacote destinado a melhorar a rentabilidade dos motoristas), a aplicação começará a partir de hoje a permitir uma troca de mensagens gratuita entre motorista e utilizador (um chat), de forma a melhorar a comunicação entre ambos e a agilizar a eficácia na recolha do passageiro.

Para melhorar a flexibilidade dos motoristas que usam a aplicação – e sublinhando que muitos deles não usam a plataforma da Uber em exclusivo como fonte de rendimento, e que têm compromissos pessoais e profissionais a cumprir -  os motoristas passaram a ser avisados de quando têm pela frente uma viagem longa (de modo a poderem recusá-la se já estiverem com horário apertado), e passam a poder definir o local e a hora em que precisa de desligar a aplicação da Uber.

No pacote de medidas para melhorar a segurança e a experiência de viagem dos motoristas, estes passam a poder partilhar a localização e o estado da viagem com familiares e amigos. E a partir desta segunda-feira será accionado um mecanismo de protecção da pontuação dada pelos utilizadores aos motoristas. “Quando há uma pontuação mais baixa, nós perguntamos aos utilizadores a que se deveu, de forma a distinguirmos o que foi o comportamento do motorista de outros constrangimentos e factores que ele não pode controlar, como obras numa rua, por exemplo”.

A questão da pontuação dada a motoristas e a utilizadores é muito relevante, explica Rui Bento, porque é ela que permite banir aqueles que não estão a manter a qualidade do serviço nos padrões que a Uber defende. Sem quantificar os casos, Rui Bento admite que a plataforma já baniu, isto é, “criou limitações específicas ao acesso e utilização da plataforma” tanto a utilizadores, como a motoristas.

Questionado pelos jornalistas acerca da possibilidade de estender a utilização da aplicação a outras cidades do país, Rui Bento respondeu que essas questões estão sempre em avaliação, e que o objectivo da plataforma é dar sempre a melhor resposta possível, aos utilizadores e aos motoristas. Por serem “realidades muito dinâmicas”, e por não existir “propriamente um padrão” entre o número de motoristas, as horas de trabalho e a respectiva rentabilidade, Rui Bento recusou-se a responder qual seria o número óptimo de motoristas em cada cidade, a rentabilidade média que cada um aufere, ou mesmo as taxas de crescimento na adesão à plataforma até agora (bem como as previsões de desenvolvimento).

O que é certo, diz Rui Bento, é que a proximidade com a comunidade dos motoristas é "fundamental" e prioritária, justificando a criação destes espaços físicos (onde em conjunto, em Lisboa e no Porto, trabalham nove pessoas) para atender presencialmente todos os motoristas interessados em aderir à plataforma e conhecer os programas com condições especiais para aquisição, por exemplo, de viaturas, seguros ou combustível, que a Uber Portugal negociou com fornecedores e parceiros. Ou mesmo para tirar qualquer dúvida operacional. Desde o início do ano a Uber já prestou mais de 6500 horas de apoio especializado e presencial em Portugal, no Greenlight Hub de Lisboa.

Sobre a discussão na especialidade das propostas para regulação do sector das plataformas electrónicas para transporte de passageiros, Rui Bento disse estar a aguardar os desenvolvimentos "com expectativa", apesar de não ter havido nenhuma novidade recente. E admitiu que os momentos de tensão com taxistas não têm ocorrido com tanta frequência. 

Sugerir correcção
Ler 1 comentários