Liga dos Bombeiros reunida em congresso num fim-de-semana de alerta de incêndios
Alguns comandantes podem faltar por estarem em alerta contra fogos.
A Liga dos Bombeiros Portugueses reúne-se no fim-de-semana para eleger os seus órgãos sociais, mas o congresso poderá ficar marcado pela ausência de muitos elementos do comando dos corpos de bombeiros devido ao risco de incêndios florestais.
O 43.º congresso da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), no qual têm assento os elementos da direcção e os comandantes das associações humanitárias de bombeiros voluntários, realiza-se, entre sexta-feira e domingo, em Fafe, e tem como momento alto a eleição dos órgãos sociais para o quadriénio 2018/2021, contando também, na sessão de abertura, com o novo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.
A sufrágio apresentam-se duas listas, uma liderada pelo actual presidente da LBP, Jaime Marta Soares, que se recandidata a um terceiro mandato, e a outra por José Barreira Abrantes, que já esteve na LBP, entre 1987 e 1988, e foi presidente do Serviço Nacional dos Bombeiros, entre 1992 e 1996, e da Escola Nacional de Bombeiros, em 1996 e 1997.
A partir de sexta-feira, dia em que se inicia o congresso da LBP intensifica-se o risco de incêndio florestal em grande parte do território, tendo a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) já emitido um alerta para os próximos dias.
Uma situação que poderá impedir muitos dos elementos da área do comando a deslocar-se até Fafe, disse à Lusa José Barreira Abrantes, adiantando que chegou a pedir ao presidente da mesa do congresso um adiamento do congresso, o que não veio a acontecer.
José Barreira Abrantes considera que “não há condições” para a realização de um congresso devido ao risco de incêndio durante o fim-de-semana, correndo-se assim o risco de se ter um congresso “vazio”.
“A persistência na realização do congresso neste contexto é uma temeridade e uma inaceitável manifestação de indiferença pela realidade dos bombeiros, temendo-se inclusivamente as consequências no caso de se registar uma nova vaga de incêndios com alguns dos principais responsáveis pelos bombeiros reunidos em congresso e ausentes das suas áreas de actuação”, sustentou.
Por sua vez, Jaime Marta Soares desvalorizou este cenário, afirmando à Lusa que já estão inscritos para o congresso cerca de 80% dos associados da LBP, além de ter alegado que, além do comandante, fazem também parte dos elementos de comando o segundo comandante e ajudante.
Além das eleições dos corpos sociais, vão estar em debate as propostas de cada uma das listas concorrentes e as reformas anunciadas pelo Governo para a proteção civil, que têm sido criticadas pela LBP por não ter sido envolvidos nesta reforma os bombeiros voluntários.
Ambos os candidatos defendem uma estrutura de comando dos bombeiros independente da ANPC, considerando que deve ser criada uma nova direcção nacional de bombeiros autónoma e independente.
Jaime Marta Soares e José Barreira Abrantes concordam igualmente na profissionalização dos bombeiros voluntários, defendendo que o voluntariado tem que ser suportado por equipas profissionais sediadas nos bombeiros no ano inteiro.
“Onde é que os bombeiros vão intervir” e “qual o nível de profissionalização que se pretende para os corpos de bombeiros” vão ser as questões mais colocados no congresso e para as quais os voluntários esperam uma resposta desde que foi anunciada a reforma na protecção civil.
A Liga dos Bombeiros Portugueses tem 450 corpos de bombeiros voluntários associados.