Altice avança com queixa-crime contra Paulo Azevedo

Presidente da Sonae afirmou que a compra da Media Capital cria as condições para uma “operação Marquês dez vezes maior”. Altice queixa-se de “difamação” e a Sonae diz que não se deixa "intimidar".

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Cláudia Goya, presidente da PT, e Michel Combes, presidente da Altice Nuno Ferreira Santos

A Altice reagiu nesta terça-feira às declarações do presidente da Sonae, Paulo Azevedo, que na semana passada, depois de se saber que a Entidade Reguladora para a Comunicação Social deferiu tacitamente a compra da Media Capital pela PT/Meo, comparou este negócio ao caso de corrupção que envolve o ex-primeiro-ministro José Sócrates e o ex-presidente do BES Ricardo Salgado.

A concretização do negócio entre a Altice e a Prisa “criará as condições para que daqui a dez anos possamos estar todos indignados com a descoberta de uma Operação Marquês dez vezes maior”, sustentou o presidente do conselho de administração da Sonae (dona do PÚBLICO), numa declaração escrita enviada à Lusa.

Assim, na sequência destas afirmações, “a Meo decidiu avançar com uma queixa-crime contra o Engenheiro Paulo Azevedo”, revelou a empresa, confirmando uma notícia adiantada pelo site Eco.

“O Grupo Altice não aceitará que terceiros façam declarações ou insinuações difamatórias relativamente a si ou à sua relação com reguladores, independentemente da posição ou poder desses terceiros”, adiantou a empresa.

“Responsabilizaremos, como é nosso dever, quem fizer afirmações relativamente à Altice que possam, ilegitimamente, afectar os nossos negócios e a nossa reputação”, acrescentou a empresa liderada por Michel Combes. Fonte oficial da Altice adiantou ao PÚBLICO que a queixa-crime dará entrada "nos próximos dias".

Numa declaração enviada às redacções a meio da tarde, a Sonae reagiu à notícia, assegurando que "não abdica das suas convicções e dos seus argumentos e continuará a indignar-se, quando, por acção ou inacção, se criam as condições para que possam acontecer graves danos do nosso interesse público".

"Não nos deixaremos intimidar mesmo quando é usado o ataque pessoal com a intenção de nos condicionar, num reflexo do que é já o modo como a liberdade de opinião e de expressão de um receio cívico poderão vir a ser postas em causa", frisa ainda a empresa presidida por Paulo Azevedo.

A Altice assegura que as declarações do líder da Sonae (que é, junto com Isabel dos Santos, uma das principais accionistas da Nos) serão “objecto dos procedimentos legais adequado”, mas define-as como “o culminar de uma campanha pública orquestrada contra a Meo, incluindo pressões indevidas sobre os reguladores”.

Trata-se, sustenta a Altice, de uma campanha que “apenas serve o interesse dos concorrentes da Meo, os quais têm vastos recursos financeiros e estão presentes num número significativo de sectores económicos, procurando diminuir o procedimento regulatório em curso”.

Num recado à Autoridade da Concorrência, a quem cabe analisar o processo de compra da Media Capital, a Altice frisa ser “fundamental que tal campanha não impeça um procedimento regulatório justo e transparente”.

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