Mugabe já não vai ser embaixador da boa vontade da OMS
O director-geral da Organização Mundial da Saúde deu um passo atrás depois das críticas à nomeação do presidente do Zimbabwe como embaixador da boa vontade da agência das Nações Unidas.
Afinal, o Presidente do Zimbabwe Robert Mugabe já não vai ser embaixador da boa vontade da Organização Mundial da Saúde (OMS). A nomeação de Mugabe para o cargo foi retirada este domingo, depois de múltiplas críticas. O director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus disse num comunicado que deu ouvidos às preocupações que foram surgindo. “Nos últimos dias, reflecti sobre a minha escolha (…). Como resultado decidi revogar o convite”, explicou o responsável, numa declaração publicada na sua conta de Twitter.
Depois da onda de críticas e de indignação que se seguiu à nomeação do Presidente do Zimbabwe como embaixador da boa vontade da Organização Mundial da Saúde (OMS), o director-geral da agência das Nações Unidas apressou-se a anunciar que ia repensar esta escolha.
Conhecida no sábado, a nomeação foi condenada com veemência pela oposição a Mugabe, por responsáveis de organizações de direitos humanos e por muitos líderes internacionais, que a chegaram a classificar como um insulto, recordando que o sistema de saúde no Zimbabwe colapsou sob o regime ditatorial de Mugabe, que permanece no poder desde 1980.
Numa mensagem divulgada no Twitter ao final da tarde de sábado Tedros Adhanom Ghebreyesus já tinha anunciado que estava “a repensar a questão, tendo em conta os valores da OMS” e prometeu fazer uma “declaração logo que possível”. "Estou atento às vossas preocupações", admitiu.
Ex-ministro da Saúde da Etiópia, Tedros Ghebreyesus, eleito para dirigir a OMS em Maio, convidou Robert Mugabe, de 93 anos, para ser embaixador de boa vontade da organização porque, alegou, o Zimbabwe é um país que “coloca o acesso universal aos cuidados de saúde e promoção da saúde no centro das suas políticas”.
“É uma honra anunciar que o Presidente Mugabe aceitou [ser embaixador da OMS]”, disse então Ghebreyesus, especificando que a sua missão se centrará na promoção do combate às doenças não transmissíveis em todo o continente africano.
A escolha do ditador, que tem sido alvo de sucessivas sanções internacionais por violação dos direitos humanos e por corrupção – foi fortemente condenada. Ian Levine, um dos dirigentes da Human Rights Watch, classificou a nomeação como “embaraçosa” para a OMS e para o próprio “doutor Tedros”. E o responsável da organização UN Watch (organização não-governamental que avalia as acções das Nações Unidas), Hillel Neuer, criticou igualmente com dureza a escolha de Ghebreyesus. “O governo de Robert Mugabe atacou com brutalidade activistas de direitos humanos e dissidentes democráticos”, recordou, citado pela Reuters.
O Reino Unido associou-se entretanto às críticas, sublinhando que a decisão da OMS é "surpreendente e decepcionante, em particular à luz das sanções dos Estados Unidos e da União Europeia contra ele". E os Estados Unidos contestaram igualmente a polémica opção. "Esta nomeação contradiz claramente os ideais das Nações Unidas de respeito pelos direitos humanos e pela dignidade humana", enfatizou o Departamento de Estado.
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