Tajani dá “impulso inicial” a uma força europeia de protecção civil

Presidente do Parlamento Europeu vai levar o dossier à abertura da cimeira europeia desta quinta-feira. Paulo Rangel diz que os incêndios em Portugal foram o "nexo ocasional".

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Presidente do Parlamento Europeu, António Tajani Reuters/VINCENT KESSLER

O presidente do Parlamento Europeu vai defender a criação da força europeia de protecção civil na abertura da cimeira europeia desta quinta-feira, adiantou ao PÚBLICO o eurodeputado Paulo Rangel. António Tajani conversou com Rangel sobre o assunto, anunciando-lhe que o iria fazer “muito motivado pelo nexo ocasional do que aconteceu em Portugal no fim-de-semana”, dando uma espécie de “impulso inicial” ao tema.

A criação de uma força europeia com meios e equipamentos próprios foi levantada por Rangel no debate sobre o estado da União no Parlamento Europeu em Setembro e teve mais tarde eco no discurso sobre a Europa do Presidente francês, François Macron, na Universidade Sobornne, em finais desse mês.

“Seria uma força móvel, rápida, muito bem equipada, com partilha de recursos, de intervenção em catástrofes como inundações, incêndios, terramotos, desastres industriais ou nucleares, porque muitas vezes um país sozinho não tem capacidades e precisa de ajuda e uma força deste tipo seria um instrumento fundamental até para prevenir ou reduzir vítimas”, explica o eurodeputado ao PÚBLICO.

 Embora já houvesse um relatório desde 2006 sobre um mecanismo deste género, elaborado pelo então comissário europeu Michel Barnier (hoje negociador-chefe da UE para o "Brexit"), o assunto só agora está a ganhar densidade com estas intervenções. Segundo Rangel, esta força europeia não seria “autocentrada”, antes poderia também acorrer solidariamente a catástrofes noutras regiões do planeta. Por outro lado, poderia ser “um embrião para a chamada União de Defesa”, esse sim que está e estará na agenda de todas as próximas cimeiras europeias.

“A quantidade de catástrofes que tem acontecido está a tornar urgente esta questão”, defende Paulo Rangel. Mas reconhece que o grande problema são os recursos financeiros para montar esta estrutura: “Com a saída do Reino Unido vamos ter menos recursos e mais tarefas. Ou se altera a capacidade de financiar a União Europeia e passamos a ter capacidade de abraçar estas novas tarefas – o controlo de fronteiras, a protecção civil, a união de Defesa -, ou não vamos ter nenhuma destas missões no terreno”.

Questionado sobre a demissão da ministra da Administração Interna após os incêndios de domingo passado, Paulo Rangel diz que era expectável e só vem tarde. Agora, acrescenta, “a responsabilidade passou para o primeiro-ministro. Um primeiro-ministro que não entendeu mais cedo que era preciso mudar a equipa e mudar as políticas também tem uma parte da responsabilidade”.

“Não era necessário ter esperado pelo discurso do Presidente da República para tomar este caminho, e tê-lo feito é um sinal de que este primeiro-ministro até tem um desempenho que impressiona alguns quando os tempos são fáceis, mas quando as questão são difíceis, está muito aquém daquilo que se esperava”.

A jornalista viajou a convite do Partido Popular Europeu

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