Vende-se cacilheiro de Joana Vasconcelos
A embarcação Trafaria Praia, remodelada por Joana Vasconcelos epropriedade da empresa Douro Azul, vai deixar de ser utilizada para rota turística e será vendida.
O cacilheiro Trafaria Praia, antiga propriedade da Transtejo, tinha sido desactivado em 2011 e a artista plástica Joana Vasconcelos reconverteu-o em pavilhão flutuante para o apresentar na Bienal de Veneza de 2013. Regressado a Lisboa, foi vendido à empresa Douro Azul, que o destinou a cruzeiros turísticos. Mas sem grande sucesso pelo que, agora, o navio está à venda.
Foi em 2014 que a embarcação voltou às águas do Tejo para visitas e cruzeiros turísticos, recebendo as primeiras às segundas-feiras e realizando os cruzeiros de terça-feira a domingo. Com uma capacidade para 120 pessoas, os preços dos bilhetes variavam entre os 10 e os 18 euros e ainda se encontram disponíveis no site da Douro Azul apesar de já ter sido retirado de circulação. Encontra-se em doca seca, em Aveiro, nos estaleiros da Navalria.
“A embarcação está à venda porque é uma obra de arte e não uma embarcação turística como as que normalmente usamos,” disse fonte da Douro Azul ao PÚBLICO. “A artista foi a primeira a ser informada da intenção de venda.”
As razões de venda prendem-se com a falta de viabilidade da operação turística e, por isso, o cacilheiro aguarda comprador já que a Douro Azul não o pretende manter para exposição.
Quando inquirida àcerca do futuro da embarcação caso não apareçam compradores, a Douro Azul mostra-se optimista: “Existirão certamente compradores para a obra de arte, será tudo uma questão de preço.”
O convite a Joana Vasconcelos partiu do então secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, e o cacilheiro navegou até Veneza em representação da cultura portuguesa, representando Portugal na Bienal.
O navio de passageiros data de 1960 e foi decorado de modo a reflectir o que Lisboa e Veneza têm em comum: a água, a navegação e o navio. No exterior da embarcação foram aplicados azulejos em larga escala em azul e branco e no seu convés foi elaborado um ambiente de têxteis e luz sugerindo uma “atmosfera uterina”, como descrito no site da artista.
A intervenção terá custado ao Estado 175 mil euros mas "muito mais" em apoios angariados pela própria artista - num valor total que ascendeu às centenas de milhar de euros.
O atelier de Joana Vasconcelos, contactado pelo PÚBLICO, não fez comentários acerca do tema.
Texto editado por Ana Fernandes