“Isto foi uma réplica de Pedrógão Grande”
Incêndio matou quatro idosos na freguesia de Ventosa. A Polícia Judiciária admite a existência de uma quinta vítima mortal, cujo corpo pode ter ficado soterrado sob os escombros da casa ardida.
Mal deu pelas chamas a tocarem-lhe a porta de casa, pouco depois da meia-noite desta segunda-feira, Maria de Lurdes, nunca mais parou. “Era uma ventania doida, todos a passar baldes. As bilhas de gás – pimba, pumba – a estourar, ardia tudo.” Mas a azáfama desta mulher, somada à solidariedade instantânea entre vizinhos, valeu de pouco ao casal que, algumas portas à frente, morreu devorado pelas chamas, no lugar de Vila Nova, freguesia de Ventosa, no concelho de Vouzela, distrito de Viseu.
Só neste lugar somaram-se quatro mortos: além do casal, Laurinda Lourenço, de 62 anos, e Fernando Jesus Lourenço, de 70 anos, morreu a irmã deste, Arminda de Jesus Lourenço, de 78 anos, que morava na mesma casa. Noutro número, morreu ainda uma idosa de 92 anos que uma nora tentou fazer escapar ao incêndio, mas que não resistiu à inalação de fumo.
Na mesma freguesia de Ventosa, mas no lugar do Covelo, a Polícia Judiciária admitia a existência de uma quinta vítima mortal: um idoso de 70 anos que terá ficado soterrado sob os escombros a que o fogo reduziu a sua casa.
Por toda a aldeia arderam casas, carros, maquinaria e alfaias agrícolas, animais domésticos e gado. “Isto foi uma réplica de Pedrógão Grande”, gritava de uma janela uma mulher que se pôs em fuga com um filho de dois anos e que continuou a andar mesmo com um pneu estourado, na povoação de Aguieira. O marido, Nuno Almeida, de 38 anos, seguiu-a numa carrinha, “aos tombos por todo o lado”, mas lá conseguiram pôr-se a salvo de um incêndio que, segundo outro morador, Jorge Paulo Almeida, fez arder “tudo o que havia para arder” na freguesia.