Incêndio ao pé do mar na Foz do Arelho
Desde as Caldas da Rainha avista-se ao longe as labaredas de um incêndio improvável.
Desde as Caldas da Rainha avista-se ao longe as labaredas de um incêndio improvável. Na estrada Atlântica, que liga a Foz do Arelho a S. Martinho do Porto, arde mato e alguns pinheiros. Não há casas em risco, mas a extensão do incêndio é considerável, com as chamas empurradas por um vento quente que, ao contrário do habitual, sopra desde sudeste e não de noroeste, do lado do mar.
Os caldenses habituaram-se a ouvir as notícias dos incêndios como uma realidade distante, do interior do país, e não como algo que lhes batesse à porta. Não aqui, neste microclima húmido, onde as neblinas e nevoeiros persistem pelas manhãs adentro ou se iniciam ainda a meio da tarde. Não aqui, onde o termómetro raramente passa dos 25 graus quando o resto do país sofre com canículas acima dos 30 graus.
Aqui há um “ar condicional natural”, a brisa fria que vem do mar e irrita os veraneantes que gostariam que a Foz do Arelho fosse uma praia um bocadinho mais quente.
Por isso, este é (era) um incêndio improvável, nas colinas da Serra do Bouro, com o mar ali ao lado e um vento que hoje trocou as voltas e o empurra para o lado de S. Martinho.
No terreno há poucos meios. Um bombeiro desabafa que há recursos que foram destacados para um incêndio de maiores dimensões que lavra em Óbidos. E com os bombeiros de S. Martinho também não se pode contar porque estes foram para os lados de Leiria onde a situação é muito mais grave. Assim, desfalcados, está a ser difícil controlar o mato que arde num local de brumas e humidade e onde a ninguém ocorreria que ali viesse a haver um incêndio.
Na "rotunda do Green Hill”, onde a polícia cortou o trânsito, há dezenas de carros estacionados e uma pequena multidão a ver as chamas lá em cima. Alguém comenta: “se isto aqui é assim, como não estará no resto do país!”