Aplicação quer as tuas sugestões para melhorar as freguesias
Até ao fim de Outubro, os utilizadores da aplicação Juntar a Junta podem submeter sugestões para a melhoria das suas freguesias. Em Novembro, as ideias vão ser entregues aos novos executivos
O que mudarias na tua rua nos próximos quatro anos? Aproveitando as últimas eleitções autárquicas, a startup de Braga Juntar a Junta lançou um desafio aos seus utilizadores: “Imagina que és o novo presidente da junta e conta-nos tudo o que farias diferente e/ou deve ser melhorado.” O objectivo da campanha é reunir todas as sugestões submetidas na aplicação Juntar a Junta até ao final de Outubro para que, em Novembro, sejam entregues aos novos executivos. Nessa altura, estes podem, se assim o entenderem, incluí-las no planeamento dos novos mandatos.
Com mais de 1500 utilizadores espalhados pelo país, Juntar a Junta é uma aplicação móvel gratuita, disponível para os sistemas operativos Android e iOS, que permite aos cidadãos enviar sugestões ou reportar problemas nas 3092 juntas de freguesias existentes em todo o território de Portugal Continental e Ilhas. “É possível remeter uma sugestão, descrevendo-a de forma livre e anexando uma eventual fotografia, ou submeter uma intervenção, escolhendo entre 22 opções, como acessibilidade, iluminação, estacionamento, jardins e limpeza”, explicou Rute Maia, uma das fundadoras da startup de Braga, ao P3. Esta não é a primeira campanha que Rute Maia, de 21 anos, e Ricardo Carvalho, de 28, promovem através da aplicação que criaram. Em Julho, pediram aos utilizadores para reportarem situações de abandono de animais e partilharem fotografias de zonas florestais que precisassem de limpeza, com o objectivo de evitar possíveis incêndios.
“Por norma, todas as aplicações deste género estão ligadas a um distrito ou a uma Câmara, mas a nossa cobre todas as juntas do país”, garantiu Rute Maia. Apesar de a aplicação ser dirigida aos cidadãos, os clientes da startup são os órgãos executivos de freguesia. “A trabalhar connosco temos à volta de duas dezenas” de executivos, contabiliza, incluindo também “organizações que não são propriamente governamentais”, como associações de animais. A Associação de Animais de Vila Verde, em Braga, adquiriu a aplicação para facilitar a localização de animais abandonados. "Um buraco na estrada não sai do sítio de um dia para o outro, mas um animal mexe-se”, disse a jovem, para quem há cada vez mais “um interesse das entidades em encontrar formas alternativas de trabalho”.
Aproximar os cidadãos do poder local
Depois de submetidas, todas as sugestões — sem excepção — são incluídas na aplicação e guardadas para que, posteriormente, cheguem às mesas dos executivos. “Se é uma junta que já está a trabalhar connosco, ela vai ter acesso a uma plataforma e o próprio presidente poderá ver a intervenção: quem a fez, sobre o que é e qual o local", elucidou Rute Maia. "Se, pelo contrário, é uma junta com a qual ainda não trabalhamos, somos nós a tomar a iniciativa de entrar em contacto, por telefone ou correio electrónico.” Daí que seja mais fácil saber se as sugestões foram tidas em consideração ou não quando a junta de freguesia em causa trabalha com a equipa da aplicação. “Já foi possível publicar algumas fotografias de um antes e depois, até para que as pessoas percebam efectivamente que nós fazemos pressão sobre o poder local para que, de facto, se resolva a situação”, afirmou, apontando essa estratégia como um incentivo à participação dos cidadão.
Foi no último Inverno que Ricardo Carvalho, formado em Marketing e Gestão no Politécnico do Porto, notou que, por vezes, há uma “grande dificuldade em ter um contacto mais directo com o representante local”. Com problemas na zona onde reside, em Braga, decorrentes das cheias, Ricardo tentou entrar em contacto com a junta. “Pensou que deveria existir uma forma mais interactiva e simplificada de comunicar pequenos problemas do quotidiano às juntas”, contou Rute Maia, que no mesmo período se dedicava a investigar "cidades inteligentes e o que estava a ser feito em Portugal nessa área", no âmbito do mestrado em Ciência Política da Universidade do Minho. Juntaram a necessidade com que Ricardo se deparou à "investigação e conhecimento" adquirido por Rute no mestrado e formara uma equipa que conta com Luís Couto, responsável pela base de dados e por todo o funcionamento técnico da aplicação.
Em pouco mais de dois meses, Juntar a Junta passou de uma ideia para uma aplicação concreta e entrou em funcionamento em Fevereiro de 2017 — “mesmo não estando terminada”. “E nunca irá estar”, confessa a investigadora, explicando que a equipa está “sempre a pensar em novas funcionalidades para acrescentar”, que devem ser divulgadas até ao fim do ano.