Tal como a Operação Marquês nasceu durante a investigação do processo Monte Branco, que de resto ainda não está concluído pelo Ministério Público, também o inquérito em que é visado o ex-primeiro-ministro José Sócrates deu origem a novas investigações – e nada menos de 15. Na mesma nota informativa emitida esta quarta-feira de manhã onde anunciava a acusação contra José Sócrates e restantes arguidos, a Procuradoria-Geral da República explicava que o Ministério Público tinha extraído 15 certidões da Operação Marquês que lhe iriam permitir continuar a investigar suspeitas de crimes relacionadas com este caso em novos processos abertos agora.
Um deles relaciona-se com o antigo patrão de José Sócrates, Paulo Lalanda e Castro. O patrão da Octapharma viu serem arquivadas as suspeitas que contra si impendiam na Operação Marquês, de lavar parte do dinheiro de Sócrates que permanecia nas contas de Santos Silva. Mas de acordo com a mesma nota informativa da Procuradoria-Geral da República "foi extraída uma certidão para investigação de factos relativos a sociedades que controlava".
Recorde-se que Lalanda e Castro está já neste momento a ser julgado no processo dos vistos dourados, por ter alegadamente fugido ao pagamento de 1,8 milhões de IVA num negócio ligado ao tratamento em Portugal de feridos de guerra líbios, supostamente graças aos bons ofícios do ex-ministro Miguel Macedo, que também está a ser julgado. Lalanda é ainda arguido num terceiro caso, relacionado com o monopólio da venda de plasma sanguíneo ao Estado português pela Octapharma – a chamada mafia do sangue.
O ex-patrão de Sócrates não foi o único que os investigadores da Operação Marquês desistiram de acusar: existem mais oito despachos de arquivamento, nomeadamente em relação aos arguidos João Abrantes Serra (advogado) e Joaquim Paulo da Conceição (administrador executivo do Grupo Lena).