Governo quer acabar com a ideia de que há profissões para homens e para mulheres
Projecto-piloto nas escolas vai convencer raparigas que engenharias tecnológicas também são profissões para mulheres. Iniciativa visa combater segregação ocupacional no mercado de trabalho.
Dez escolas vão desafiar os mitos que separam as raparigas da engenharia informática. “Engenheiras por um dia” é uma iniciativa do Governo para mostrar a estudantes do ensino secundário — mas também do 9.º ano que estejam a pensar em cursos profissionais — que as mulheres também têm lugar à frente dos computadores.
O projecto-piloto é apresentado nesta terça-feira em Coimbra, em celebração do Dia Internacional das Raparigas, a 11 de Outubro, estabelecido pela ONU. O programa promovido pelo ministro adjunto, Eduardo Cabrita, surge no âmbito da Agenda para a Igualdade no Mercado de Trabalho e nas Empresas. “É uma das peças dessa agenda mais ampla, que inclui pontos como a igualdade na administração ou o combate às disparidades salariais. Visa combater a segregação profissional, isto é, associarmos determinadas profissões ao género feminino ou ao género masculino”, explica Eduardo Cabrita ao PÚBLICO.
O baixo número de mulheres é “um problema que está identificado”. “Tivemos nos últimos anos uma retracção, sobretudo na engenharia informática, na participação de estudantes raparigas. Nos últimos anos lectivos, temos tido uma presença feminina de 15% nas engenharias tecnológicas, isto é, tirando engenharias como a química, a biológica e a biomédica”.
Em que é que o programa “Engenheiras por um dia” pode ajudar? Esta parceria com o Instituto Superior Técnico vai trazer às dez escolas e agrupamentos de diferentes zonas do país estudantes e professoras para falar sobre a sua área, nomeadamente a engenharia informática. A partir daí, os agrupamentos desenvolvem actividades ao longo do ano, como palestras, visitas a empresas e núcleos tecnológicos ou mesmo a universidades de engenharia, para promover o contacto com estudantes de engenharia nestas áreas.
O projecto conta com o apoio da secretaria de Estado para a Cidadania e a Igualdade e da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, e tem como entidades patrocinadoras as filiais da Siemens, da Microsoft e da IBM em Portugal. E é dirigido às estudantes raparigas “de forma preferencial, mas não necessariamente exclusiva”.
O plano é que, no próximo ano lectivo, o programa possa ser alargado “quer a outras escolas, quer a outras profissões”: “a campanha depois será mais ampla, queremos lançar campanhas semelhantes sobre outras profissões em que igualmente há imagens de segregação”, refere o ministro. Neste pacote estão não apenas as profissões com menos mulheres, como as tecnologias de informação e comunicação, mas as que têm menos homens, como “as áreas de apoio social e áreas educativas”.
“O fenómeno não acontece exclusivamente em Portugal”, salienta Eduardo Cabrita, apontando que será um dos temas em debate na Web Summit, que acontece em Novembro em Lisboa.
Notícia corrigida às 00h56: o projecto é apresentado nesta terça-feira e não na quarta-feira, como estava escrito.