Acusações contra Harvey Weinstein geram onda de solidariedade e de relatos pessoais

São já milhares as mulheres que aproveitaram as acusações de assédio sexual contra o influente produtor de Hollywood para partilhar os episódios em que se encontraram com o "seu" Harvey Weinstein.

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LUSA/ETIENNE LAURENT / POOL

As repercussões da investigação do New York Times sobre anos de denúncias de assédio sexual contra Harvey Weinstein começam-se a fazer sentir e não apenas na indústria cinematográfica e na vida profissional do influente produtor de Hollywood – que, entretanto, foi despedido da sua própria empresa. Foram várias as figuras do cinema norte-americano a reagir ao escândalo mas, nas redes sociais, são já milhares as utilizadoras que aproveitaram o caso para expor a sua experiência com aquilo a que chamam “o meu Harvey Weinstein”.

Essa é exactamente a hashtag que se espalhou pelo Twitter desde a publicação da investigação: #myharveyweinstein ("o meu Harvey Weinstein"). Como explica o Washington Post, num primeiro momento, apenas algumas mulheres começaram a relatar o momento em que foram alvo de assédio sexual por parte de colegas ou apenas de homens que se encontravam pelo seu caminho. Mas, neste momento, são já milhares a fazer o mesmo.

“Harvey Weinstein era um director de uma agência federal e ordenou às funcionárias que aceitassem o seu ‘beijo de saudação’. Eu tinha 21 anos e estava horrorizada”, diz uma das utilizadoras.

“Harvey Weinstein era um professor de história do liceu que me tocava e fazia comentários obscenos sobre mim à frente da turma. Eu tinha 14 anos”, relata outra mulher.

Há também quem não relate o que viveu mas o que ouviu, aproveitando para deixar conselhos: “Sou uma advogada feminista, especializada em assédio sexual. Todas as semanas oiço um novo ‘o meu Harvey Weinstein. Confiem nas outras mulheres. Ajudem outras mulheres”.

De acordo com o que foi noticiado, nos últimos 30 anos Weinstein estabeleceu acordos sigilosos com, pelo menos, oito mulheres que o acusavam de assédio. Na maioria dos casos, o produtor convocou as mulheres para uma reunião num hotel em Beverly Hills, na Califórnia. No entanto, as alegadas vítimas acabavam no quarto de Weinstein, onde este lhes propunha favores sexuais em troca de benefícios nas respectivas carreiras.

O produtor negou grande parte das acusações, mas acabou por anunciar que se iria afastar do trabalho para recorrer a ajuda terapêutica, pedindo desculpa às mulheres afectadas pelo seu comportamento.

Entretanto, várias figuras do cinema norte-americano, muitas delas com uma longa relação profissional e de amizade com Weinstein, vieram a público falar sobre o caso. Uma delas foi Meryl Streep, que revelou estar “chocada” com as notícias “vergonhosas”. A actriz elogiou ainda as mulheres que denunciaram o produtor considerando-as “heroínas”, cita a BBC.

Judi Dench também reagiu, garantindo que nunca tomou conhecimento destas acusações “horríveis”. “Ofereço a minha simpatia àquelas que sofreram e um sincero apoio àquelas que denunciaram”, afirmou.

Emma Thompson, Mark Rufallo e Seth Rogan foram outros actores que vieram a público comentar o caso.

Thompson descreveu mesmo Weinsten “um predador”. “Temos de falar sobre a maneira como nos estamos a comportar”, disse a actriz à BBC. “O comportamento masculino predatório está em todo lado, não apenas na indústria cinematográfica”, referiu ainda, expressando também apoio às mulheres que vieram a público denunciar o caso

“O que Harvey Weinstein fez é um repugnante abuso de poder e é horrível”, afirmou, por sua vez, Mark Ruffalo no Twitter.

Seth Rogen utilizou a mesma rede social para dizer que acredita “em todas as mulheres que denunciaram o assédio sexual de Harvey Weinstein”.

Harvey Weinstein, que é um dos mais consagrados produtores de Hollywood, conta com várias nomeações para os Óscares, tendo já vencido um prémio da Academia. O Discurso do Rei, Pulp Fiction, O Paciente Inglês, Chicago ou a Paixão de Shakespeare – que venceu o Óscar de Melhor Filme – são algumas das muitas produções cinematográficas que contaram com a colaboração de Weinstein.

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