Seis egípcios detidos por homossexualidade vão ser submetidos a exames anais
Amnistia Internacional que diz que este tipo de exames equivalem a tortura e denuncia que as autoridades estão a "caçar" homossexuais.
Seis homens egípcios detidos por "promoverem comportamentos sexuais desviantes" e por "deboche" nas redes sociais vão ser sujeitos a exames anais antes do início do seu julgamento, no domingo, denunciou este sábado a Amnistia Internacional.
Estas detenções fazem parte de uma vaga de repressão contra os homossexuais no país que começou no fim-de-semana passado, quando um grupo de pessoas foram vistas a erguerem uma bandeira arco-íris num concerto - um acto raro de apoio a homossexuais, lésbicas, bissexuais e trangénero no Egipto, um país muçulmano e muito conservador.
Pelo menos 11 pessoas foram detidas desde então, diz a Amnistia, e um homem já foi julgado e condenado a seis anos de prisão. Esta "caça" aos homossexuais, explica a Amnistia, começou depois de vários meios de comunicação terem iniciado uma campanha de críticas duras contra os que ergueram a bandeira num concerto dos Mashrou Leila, uma banda libanesa de rock alternativo cujo cantor é gay.
A Amnistia diz agora que foi pedido ao departamento de Medicina Legal para realizar exames que determinem se os seis detidos que começam a ser julgados domingo tiveram sexo anal.
Segundo fontes judiciais, qualquer pessoa que no Egipto seja acusada de "deboche" ou "desvio sexual" (eufemismos usados neste país para homossexualidade) é sujeita a um exame médico por ordem do Ministério Público.
“Alegações de que há tortura ou insultos aos que são submetidos a exames médicos nem merecem resposta. Os exames são realizados por médicos de Medicina Legal sujeitos à ética profissional", argumenta fonte judicial.
No entanto, a Amnistia Internacional diz que estes exames violam a lei inetrnacional sobre tortura e maus tratos a detidos.
"É deplorável que o Ministério Público do Egipto esteja a dar prioridade à perseguição de pessoas devido à sua orientação sexual. Estes homens deviam ser incondicionalmente e imediatamente libertados”, disse said Najia Bounaim, directora da AI para o Norte de África. "Exames anais forçados equivalem a tortura", acrescentou.
As autoridades religiosas do país estão a apoiar esta movimentação das autoridades policiais e judiciais contra os homossexuais. "A Al Azhar é contra esta perversão sexual da mesma forma que foi contra os grupos extremistas", disse um responsável religioso que conduziu as orações de sexta-feira na mais alta instituição do islão sunita, a Al-Azha, situada no Cairo.
Apesar de a homossexualidade não ser especificamente proibida no Egipto, o país tem uma sociedade muito conservadora e a discriminação faz-se sentir. Os homens gay são frequantemente detidos e por norma são acusados de dcrime de deboche, de imoralidade e de blasfémia.
A maior vaga de repressão da homossexualidade ocorreu em 2001 - a polícia entrou numa discoteca flutuante no Nilo, a Queen Boat e 52 homens foram julgados.