Coreia do Sul proíbe financiamento com moedas digitais, Japão regula criptomoedas
Os dois países optaram por formas diferentes de reagir ao aumento das burlas com moedas digitais.
Depois da China, a Coreia do Sul decidiu proibir a angariação de financiamento através do lançamento de novas moedas digitais. A informação foi comunicada esta sexta-feira pelo regulador financeiro do país, que diz que todas as transacções com este tipo de divisas também vão ser sujeitas a uma maior monitorização. Em causa está o aumento de burlas.
Conhecidas pela sigla ICO (inglês para “oferta inicial de moedas”), estas operações são uma forma de financiamento colectivo recente, em que as empresas criam uma espécie de moeda digital (semelhante à bitcoin), que não funciona como dinheiro, mas representa uma parte do capital da empresa. O processo simula a entrada de empresas em bolsa, mas os investidores recebem "moedas" virtuais em vez de acções, e a operação acontece à margem de qualquer regulação.
A falta de controlo que popularizou o fenómeno é também a maior causa de preocupação. “É uma situação em que muito dinheiro tem sido encaminhado numa direcção improdutiva e especulativa”, disse Kim Yong-beom, o vice-presidente da Comissão de Serviços Financeiros da Coreia do Sul, citado pela agência de notícias coreana Yonhap.
Horas após o comunicado sul-coreano, porém, o Governo japonês publicou um documento a oficializar transacções com criptomoedas.
Em vez de permitir que as moedas digitais continuassem a funcionar num mercado sem regulação, optou por legalizar as plataformas de transacções. O objectivo é proteger os investidores de fraudes, e apoiar a inovação tecnológica. Por isso, o sistema impõe vários requerimentos às empresas de transacções de moedas digitais, como a verificação da identidade dos utilizadores, para prevenir lavagem de dinheiro.
A notícia impulsionou o valor da bitcoin (de quatro mil dólares para 4200 dólares), que tinha caído ligeiramente após a proibição da Coreia do Sul.
As moedas digitais e as ICO têm-se transformado numa das formas mais populares de startups tecnológicas conseguirem financiamento. Só este ano, já foram angariados mais de 800 milhões de euros através das ICO em todo o mundo, segundo dados da analista Autonomous Next. Porém, cerca de 10% do financiamento angariado desta forma em 2017 foi desviado por cibercriminosos, segundo dados da Chainanalysis, uma empresa nova-iorquina que investiga sistemas de lavagem de dinheiro.