Contacto nos genitais pode acelerar a puberdade, diz novo estudo
Um estudo desenvolvido com ratos mostrou que há factores externos que influenciam o aparecimento da puberdade. As alterações foram visíveis em ratos de sexo feminino
Já era sabido que as alterações hormonais desempenham um papel importante no aparecimento da puberdade. Mas e se também existissem factores externos, como o contacto com os órgãos genitais, que contribuíssem para acelerar o fenómeno?
É uma pergunta para a qual investigadores da Universidade de Humboldt, na Alemanha, podem ter encontrado uma resposta: sim, o “toque” nos órgãos genitais parece acelerar “substancialmente” a puberdade. Mas antes de se avançar para mais detalhes, convém alertar para as circunstâncias em que decorreu o estudo dos três autores: as descobertas provêm de testes feitos em ratos.
No estudo, os investigadores colocaram ratos de sexo feminino, em idade de pré-puberdade, em dois cenários distintos: em contacto directo com o animal do sexo masculino ou numa caixa que deixava ver e ouvir, mas não tocar no rato de sexo oposto. Descobriram que quando colocavam os de sexo feminino junto dos de sexo masculino, “o córtex genital expandia”, algo não replicado quando não existia o contacto.
“Os efeitos do contacto sexual na puberdade e no córtex genital são notáveis, já que não era expectável que esta área do cérebro se expandisse a este estado de desenvolvimento”, salienta Contanze Lenschow, uma das autoras do estudo. Portanto, os investigadores concluem que, no que toca ao sexo feminino, o contacto sexual pode acelerar a puberdade.
Mas pode esta activação dever-se simplesmente ao facto do contacto ser feito por um rato do sexo oposto? Não. Os investigadores usaram uma escova para massajar os orgãos genitais dos ratos e verificaram a repetição da ocorrência. Ou seja, basta haver contacto, para que sejam desencadeadas alterações.
Novas questões
O estudo, publicado na quinta-feira, dia 21 de Setembro, não é o primeiro a debruçar-se sobre as diferentes variáveis que podem impulsionar a puberdade, mas levanta questões relevantes. A revista The Scientist contactou alguns especialistas da área da neurociência para falar das descobertas. Na opinião Dan Feldman, da Universidade de Berkeley, embora já se tenha falado da influência de outros factores para além da libertação de hormonas, esta investigação confirma que a “estimulação táctil” pode acelerar o fenómeno.
Segundo o The Independent, Michael Brecht, um dos autores do ensaio, já tinha encontrado, em estudos anteriores, indícios da duplicação do tamanho do córtex genital em ratos de ambos os sexos. Depois surgiu a hipótese: podem as mudanças no cérebro ser resultado de interacções físicas?
Os resultados permitiram ao cientista alemão tirar mais ilações das descobertas. O autor, citado pelo jornal britânico, relembra as fracturas causadas pelo “contacto sexual inadequado” durante a puberdade e as consequências duradouras que esse contacto pode ter.
Nas páginas finais do estudo, os autores revelam que uma das descobertas mais impressionantes tem que ver com “o bloqueio do córtex genital atrasar a maturação sexual feminina”, algo que pode indicar que o córtex genital é “a estrutura neurológica que medeia os efeitos do toque sexual masculino no avanço da puberdade”.