Fotografia
Entrar num laboratório como se estivéssemos no espaço
Quem entra tem de vestir um fato completo, daqueles que lembram filmes de ficção científica, e permanecer numa câmara, onde jactos de ar são libertados, durante 15 segundos. Após perto de 15 minutos de preparação, estamos, por fim, na sala limpa do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), em Braga. O ideal é que seja libertado o menor número possível de partículas, para que as amostras em uso não sejam comprometidas. Investigadores, funcionários de manutenção e limpeza e convidados vestem o fato espacial próprio, com botas, carapuço e máscara facial — além das luvas e dos óculos de protecção. “A maior fonte de contaminação da sala limpa são as pessoas”, continua. Há regras estritas de segurança e a presença nos laboratórios exige uma formação prévia: andar depressa ou correr está fora de questão, bem como “berrar ou assustar” quem está concentrado em processos de fabricação que podem “ser perigosos”. São mil metros quadrados de um "ambiente controlado", permanentemente a 20.3 graus celsius, e onde algumas das salas têm uma iluminação amarelada. A culpa é da litografia (do grego "escrever com luz"), técnica utilizada para a produção de alguns dos nano-dispositivos. "Estamos a bloquear os ultravioletas e os azuis. O amarelo é uma parte muito pouco energética da luz e não interage com as nossas amostras", justifica Pedro Salomé, que lidera esta visita guiada. Células solares para o revestimento de edifícios sustentáveis e bio-sensores que monitorizam a presença de toxinas na água são aqui desenvolvidos. Tudo medido ao milímetro. A visita guiada de Pedro Salomé pode ser acompanhada aqui.