Cardeal francês será julgado por não ter denunciado casos de pedofilia

Philippe Barbarin não denunciou agressões sexuais sobre menores cometidas por um padre de Lyon há 25 anos. Julgamento marcado para Abril.

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Felix Luciani é advogado do cardeal Philippe Barbarin Reuters/ROBERT PRATTA

A justiça francesa anunciou que o cardeal Philippe Barbarin será julgado por não ter denunciado as agressões sexuais sobre menores cometidas há mais de 25 anos por um padre da sua diocese, em Lyon, cidade francesa da qual é arcebispo. O julgamento, noticia a revista L’Obs, decorrerá entre 4 e 6 de Abril do próximo ano.

A data do julgamento foi fixada nesta terça-feira por um tribunal correccional (instância penal onde se julgam delitos, ou seja, infracções puníveis com uma pena máxima de prisão de dez anos ou com multas iguais ou superiores a 3750 euros), perante o qual o clérigo comparecerá, juntamente com outras seis pessoas.  

O caso arrasta-se desde 2016, quando várias queixas foram feitas contra padres de Lyon por casos de pedofilia e o cardeal Barbarin foi alvo de um inquérito preliminar por não ter denunciado as situações. Em concreto, os arguidos são acusados de não terem denunciado os crimes supostamente cometidos pelo padre Bernard Preynat durante os anos 80 e início dos anos 90. 

O caso que envolveu Preynat iniciou um escândalo que levou a Igreja a adoptar medidas contra os crimes de pedofilia no seio da instituição. Paralelamente, a justiça gaulesa iniciou uma investigação à falta de denúncias que incidiu particularmente na actuação, ou falta dela, de Barbarin. No entanto, em Agosto de 2016, o cardeal acabaria por ser ilibado, e o processo arquivado. Mas dez vítimas de abusos sexuais apresentaram um recurso da decisão para que estes responsáveis fossem julgados.

Além do cardeal de Lyon, foram ainda intimados o arcebispo de Auch, Maurice Gardès, o bispo de Nevers, Thierry Brac de la Perrière, alguns antigos membros da diocese de Lyon, o secretário da Congregação para a Doutrina da Fé no Vaticano, Luis Ladaria Ferrer. Além destes, foram também citados o antigo chefe de gabinete do cardeal, Pierre Durieux, a responsável pelo gabinete que recebia as queixas das vítimas dos crimes cometidos na diocese de Lyon, Régine Maire, e o vigário episcopal, Xavier Grillon.

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