Publicitários revoltados com nova política de cookies da Apple

As mudanças introduzidas pela Apple dificultam a criação de publicidade personalizada tornando-a “genérica e menos útil”.

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A Apple acredita que o novo sistema vai aumentar a confiança dos utilizadores Reuters/MIKE SEGAR

Um grupo de empresas de marketing e profissionais de publicidade nos EUA juntou-se para acusar a Apple de “sabotar” o funcionamento da publicidade na Internet ao integrar um sistema de bloqueio de cookies na nova versão do seu browser, o Safari. É lançado juntamente com o novo sistema operativo da marca (o iOS 11) esta terça-feira.

Os cookies são pequenos ficheiros colocados nos computadores dos visitantes de certos sites que permitem monitorizar informação para ser lida em posteriores visitas. A nova versão do navegador de Internet da Apple, porém, inclui uma predefinição que protege a utilização destes ficheiros. O sistema – chamado prevenção de monitorização inteligente – limita o modo como os anunciantes e sites podem seguir os utilizadores ao introduzir um limite de tempo. Agora, os cookies deixam de funcionar após 24 horas.

“Isto quer dizer que os utilizadores apenas têm cookies persistentes de sites com que interagem com regularmente”, esclareceu John Willander um dos engenheiros de segurança do Safari na apresentação da funcionalidade, em Junho.

Embora a limitação de alguns cookies possa impedir sistemas de preenchimento automático de palavras-passe de funcionar (por exemplo, no Twitter e no Facebook), a Apple explica que o novo sistema funciona com inteligência artificial para identificar os cookies que o utilizador quer e precisa, e os que vêm de anunciantes. Segundo a Apple, a funcionalidade “não é para bloquear publicidade, mas para proteger a privacidade”.

As agências e empresas de publicidade discordam. Numa carta aberta à Apple, o grupo diz que “a infra-estrutura da Internet moderna depende de definições gerais e constantes para os cookies, para que as empresas digitais possam inovar, criar conteúdo, serviços e publicidade que são personalizadas para os utilizadores e baseiam-se nas suas visitas”. Para os autores, as mudanças da empresa tecnológica dificultam a criação de publicidade personalizada, tornando-a “genérica e menos útil” e “diminuindo o poder de escolha do consumidor”.

O mercado da publicidade digital depende da publicidade híper-personalizada. De acordo com um relatório recente da analista eMarketer, as empresas norte-americanas devem gastar até 83 mil milhões de dólares (cerca de 69 mil milhões de euros) em anúncios digitais até ao final do ano.

Não é a primeira vez que a Apple é alvo de críticas por parte dos publicitários. Em 2015, por exemplo, lançou uma funcionalidade que permitia o bloqueio de anúncios nas plataformas móveis.

A Apple acredita que o novo sistema vai aumentar a confiança dos utilizadores. Aquando da apresentação da nova funcionalidade, a empresa frisou que o “sucesso da web como uma plataforma depende da confiança dos utilizadores” e que a monitorização de informação sensível leva-os a sentirem-se traídos. E embora a nova funcionalidade detecte e elimine os cookies, não bloqueia os anúncios em si, algo que outros browsers – como o Google Chrome – já anunciam para os seus próximos lançamentos.

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