Centeno no Eurogrupo. “E porque não?”, diz o primeiro-ministro

Se o modelo da presidência do Eurogrupo for idêntico ao da diplomacia, então o comissário Moscovici é o nome mais falado.

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LUSA/Valda Kalnina

Na entrevista que deu ao site Politico na sexta-feira passada, em Bruges, António Costa responde à pergunta de Ryan Heath, o responsável pela rubrica Brussels Playbook, sobre o seu interesse pela presidência do Eurogrupo, com outra pergunta: “Porque não apresentar uma candidatura?” O que quer dizer que, se houver condições para isso, não há razão para impedir o ministro das Finanças de ocupar o lugar que o seu colega holandês, Dijsselbloem, vai deixar vago até Janeiro.

A questão não é, todavia, tão simples. António Costa vê muito favoravelmente uma proposta de Jean-Claude Juncker que visa aplicar ao Eurogrupo o modelo que já hoje vigora para a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, que preside ao Conselho da União para as relações externas e é, simultaneamente, vice-presidente da Comissão Europeia.

A justificação deste modelo, quando foi criado, está em que a política externa reúne uma séria de instrumentos que cabem aos governos mas que também dependem da Comissão, por exemplo, em matéria de apoio ao desenvolvimento e ajuda humanitária. No caso do Eurogrupo não é muito diferente. António Costa considera este modelo “a melhor solução institucional”, de acordo com o seu gabinete. Se tem pés para andar ou não, ainda não se sabe. No caso de avançar, o nome mais falado é o do comissário francês Pierre Moscovici.

Mas ninguém nega que a escolha de Centeno, se prevalecer o modelo actual em que o cargo tem de pertencer a um dos ministros das Finanças da zona euro, seria um bom sinal. Significaria a total reabilitação do país perante as entidades europeias e nacionais, e a abertura a pontos de vista que não têm apenas de ser aqueles que os países do Norte impuseram durante a crise.

Centeno argumenta, aliás, que alguém com uma visão do conjunto, incluindo os países do Sul, com realidades económicas distintas, seria sempre uma vantagem para encontrar soluções que sirvam a todos e não apenas a alguns. Wolfgang Schauble já chamou ao seu colega português o “Ronaldo do Ecofin”. Pode haver uma parte de ironia, mas também há o reconhecimento de que o desastre que ele previu em 2015 e ao longo de 2016 se transformou num resultado que dificilmente poderia ser melhor, à luz dos seus próprios critérios.

Mário Centeno voltou a marcar pontos quando reagiu à decisão da Standard & Poor’s de tirar Portugal do “lixo”, lembrando que o país continua a ter a quarta maior dívida do mundo. Ou seja, ainda há muito caminho para andar.

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