Poiares Maduro acusa Infantino de ingerência

Ouvido por parlamentares britânicos, português não poupa críticas ao presidente do organismo que gere o futebol mundial.

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Poiares Maduro denunciou pressões do presidente da FIFA no parlamento britânico daniel rocha

No mesmo dia em que Miguel Poiares Maduro, ex-presidente do Comité de Governação da FIFA, acusou Gianni Infantino de pressões para impedir o veto à recandidatura do vice-primeiro-ministro russo Vitali Mutko ao conselho do organismo, um outro membro do mesmo comité apresentou uma queixa ao Comité de Ética a denunciar ingerências do presidente da FIFA para impedir a investigação a dirigentes do futebol.

Ouvido pelos deputados do Comité Britânico de Cultura, Digital, Meios e  Desporto na última quarta-feira, Poiares Maduro garantiu que Infantino interferiu no seu trabalho, ignorou as regras e, com o objectivo de se manter no poder, acabou por o demitir, assim como a outros quatro membros do seu comité. Um deles foi o professor de direito da Universidade de Nova Iorque Joseph Weiler que, segundo o New York Times, já apresentou uma queixa junto do Comité de Ética.

Uma queixa que foi arquivada, de acordo com Weiler, e que implicava muitas das afirmações feitas pelo português no parlamento britânico. Entre outras acusações, Maduro revelou a tentativa de Infantino tentar impedir a rejeição da reeleição de Mutko, implicado no escândalo de doping na Rússia, quando liderava o Ministério do Desporto daquele país, ao órgão máximo da FIFA.

“Mutko era vice-primeiro-ministro da Rússia e a FIFA tem uma regra de neutralidade política. Há uma clara contradição ao dizer que a FIFA não aceita a intervenção política e, ao mesmo tempo, ter um membro de um governo na sua cúpula”, justificou Poiares Maduro.

Para o antigo ministro do Governo de Passos Coelho — a quem o parlamento britânico atribuiu o mesmo tipo de imunidade dado a testemunhas para as impedir de serem alvo de acções legais —, a decisão do presidente da FIFA em o destituir do Comité de Governação, em Maio deste ano, apenas oito meses depois de assumir o cargo, tornou evidente a sua opção por “sobreviver politicamente, mesmo que isso significasse abandonar o esforço para erradicar a corrupção”.

Acusações reiteradas por Weiler, em declarações ao jornal britânico Times, nesta quarta-feira. “Pela minha experiência no Comité de Governação, tenho sérias dúvidas sobre a capacidade da FIFA se reformar sob a liderança actual”, lamentou: “Quero acreditar que o Comité de Ética não vá ficar indiferente a estas questões e fará investigações sérias.”

Estas revelações de abuso de poder do líder máximo da FIFA abrem uma nova crise no organismo que procurava há dois anos limpar a imagem, após a prisão de vários dirigentes acusados de corrupção e que levou ao afastamento do anterior presidente Joseph Blatter. Para Poiares Maduro, essa mudança não aconteceu e as regras continuam a ser violadas. “A FIFA é um Estado além do Estado”, denunciou, garantindo haver “uma resistência” das mais altas esferas “a qualquer tipo de controlo”.

Entre os membros que decidiram seguir o português e abandonar o Comité de Governação, em Maio passado, estava também a ex-representante da ONU para os Direitos Humanos Navy Pillay. Perante estas saídas, Maduro defendeu que o comité que liderou nem deveria estar a funcionar, por falta de um número mínimo de elementos.

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