Morreu a actriz Fernanda Borsatti

A actriz, de 86 anos, integrou o elenco do Teatro Nacional D. Maria II entre 1978 e 2001 e fez vários trabalhos em cinema e televisão.

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Fernanda Borsatti com José Pedro Vasconcelos na peça A Minha Tia e Eu, no Teatro Politeama, com encenação de Filipe La Féria DR
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Fernanda Borsatti (ao centro na imagem) recebeu a Medalha de Mérito Municipal, no seu Grau Ouro, da Câmara Municipal de Lisboa, em 2007 José Frade/EGEAC EEM

A actriz portuguesa Fernanda Borsatti morreu na manhã desta quinta-feira, aos 86 anos, no Hospital da CUF, em Lisboa, anunciou a Casa do Artista.

Nascida em Évora, a 1 de Setembro de 1931, Fernanda Borsatti interpretou os mais diversos géneros teatrais, desde revista a comédia, passando pelas peças dramáticas.

Ao longo da carreira artística, passou por mais de dez companhias de teatro, entre as quais o Teatro Maria Vitória, a Companhia Laura Alves, a Companhia Raul Solnado, o Teatro Maria Matos e a Casa da Comédia.

A actriz integrou o elenco do Teatro Nacional D. Maria II entre 1978 e 2001 e trabalhou com realizadores como Henrique Campos, José Fonseca e Costa, Luís Galvão Teles, Artur Semedo, António de Macedo, Jean-Louis Benoît e João Botelho.

"Fernanda Borsatti era a vida", resumiu Galvão Teles, reagindo ao desaparecimento da actriz que dirigiu em A Vida É Bela?! (1982), e com quem já antes trabalhara no teatro. Quanto ao filme que fez com Borsatti, recorda ao PÚBLICO: "Ela teve um desempenho absolutamente extraordinário, trazia a vida com ela para dentro da imagem." A notícia da sua morte deixou-o "profundamente chocado e triste", diz. "É uma grande perda de uma geração que marcou de forma extraordinária o teatro, o teatro de revista e o cinema também, mas a memória da Fernanda ficará sempre, com esse riso dela e com esse seu gosto de brincar com a vida."

No Teatro D. Maria II participou nas peças O Bicho, O Tempo Feminino, O Fidalgo Aprendiz (com Ruy de Carvalho), Passa por Mim no Rossio, As Fúrias, O Crime da Aldeia Velha e Não Digas Nada, entre outras.

Entre as longas-metragens que integrou no cinema contam-se Sangue Toureiro, Pão, Amor...e Totobola, Domingo à Tarde, O Diabo Era Outro, O Ladrão de Quem Se Fala, A Mulher do Próximo, O Querido Lilás e A Corte do Norte.

Na televisão integrou séries, sitcoms e telenovelas, como A Vida Privada de Salazar, Doce Fugitiva, Inspector Max, Residencial Tejo, Lá em Casa Tudo Bem, Gente Fina É Outra Coisa, Eu Show Nico ou A Dama das Camélias. Participou também no Zip-Zip, ao lado de Raul Solnado.

Em 2007, Fernanda Borsatti recebeu a Medalha de Mérito Municipal, no seu Grau Ouro, da Câmara Municipal de Lisboa.

Numa mensagem partilhada no site da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa apresenta as condolências à família da actriz e refere-se-lhe como "actriz versátil" e "rosto familiar a todos os portugueses", sublinhando a "presença activíssima nos tempos heróicos do teatro filmado na RTP" e "a carreira televisiva diversificada" que manteve "ao longo das décadas", e salientando trabalhos cinematográficos como Domingo à Tarde, A Mulher do Próximo e A Corte do Norte, bem como a passagem pela Companhia Laura Alves, pelo Teatro Nacional D. Maria II, pelo Maria Vitória e pela Casa da Comédia. "A sua personalidade artística empática, afirmativa, efervescente, fica na nossa memória", conclui.

Também o ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, enviou uma nota de pesar às redacções, na qual se refere à actriz como uma presença "inconfundível", alguém "que sempre se destacou pela versatilidade, ao mesmo tempo que deixou uma marca pessoal na arte de representar". Lembra ainda que "Fernanda Borsatti foi homenageada e premiada em vários momentos da sua carreira, mas manteve sempre a discrição: 'O melhor que uma pessoa pode ter na sua vida é fazer aquilo de que gosta. E eu tenho essa sorte, que é ser actriz!'".

O corpo de Fernanda Borsatti estará em câmara-ardente a partir das 17h de sexta-feira nas Capelas Exéquias S. João de Deus, na Praça de Londres, em Lisboa. O funeral começará às 10h de sábado no mesmo sítio, seguindo depois para o Crematório do Cemitério dos Olivais.