Amazon quer a sua própria Guerra dos Tronos

Jeff Bezos quer que o seu serviço invista na criação de um "drama sofisticado e globalmente apelativo". Entretanto, vêm aí cinco novas séries, uma das quais com realização de Wong Kar-wai.

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Jeff Bezos quer a sua própria Guerra dos Tronos na Amazon Mike Segar/Reuters

A revista Variety avançou na sexta-feira que Jeff Bezos, o manda-chuva da Amazon, pediu a Roy Price, cabecilha dos Amazon Studios e do Amazon Prime, que lhe desse a sua própria A Guerra dos Tronos. Não quer necessariamente a parte da fantasia épica medieval, mais a parte “drama sofisticado e globalmente apelativo.

Esta notícia segue-se às declarações de Price em Agosto no Festival Internacional de Televisão de Edinburgo, citadas pelo site Deadline, que demonstravam uma vontade de acabar com a insistência no modelo de fazer e disponibilizar ao público vários episódios-piloto por época, depois escolhendo o que se transformava em série e levando quase dois anos da ideia à concretização, bem como de cortar no investimento em comédia e angariar grandes talentos da escrita e produção.

Nesse último departamento, as novidades já começaram com o anúncio, no mês passado, de que Robert Kirkman, criador de The Walking Dead, tinha abandonado a AMC para rumar à Amazon.

O Amazon Prime tem várias séries, mas nenhuma tem o impacto que Transparent, que se estreou em 2014 e lida com a pessoa que era até então patriarca de uma família a assumir-se como mulher transgénero, continua a gerar. Mozart in the Jungle , sobre os bastidores do mundo das orquestras sinfónicas em Nova Iorque, ganhou em 2016 um Globo de Ouro de melhor série de comédia ou musical, mas isso foi uma enorme surpresa e não é propriamente uma série amplamente discutida. Além disso, o serviço anda a perder terreno para a concorrência, seja para o gigante Netflix ou para o mais pequeno – e não disponível em Portugal – Hulu.

A estratégia já fez vítimas: na quinta-feira, soube-se que Z: The Beginning of Everything, a série de época com Christina Ricci sobre os anos de formação de Zelda Sayre, a mulher que viria a ser conhecida como Zelda Fitzgerald, cuja segunda temporada já tinha sido confirmada, afinal não irá continuar. Mas também já gerou novidades na programação. Poucos dias depois, na segunda-feira, anunciou-se o cancelamento de outra série ligada a F. Scott Fitzgerald: a recém-estreada The Last Tycoon. Ainda quinta-feira, o serviço de streaming revelou também planos para cinco novas séries.

Uma delas é Tong Wars, um drama de época passado na São Francisco do século XIX sobre imigração chinesa para os Estados Unidos. É uma criação de Paul Attanasio, que escreveu para séries como Departamento de Homicídios – onde foi falsamente creditado como criador – ou House e assinou o guião de filmes como Quiz Show ou Donnie Brasco, ao qual se junta, na realização, Wong Kar-wai, o respeitadíssimo autor vindo de Hong Kong que se notabilizou internacionalmente com filmes como Disponível Para Amar, Chungking Express ou 2046. Ainda sem nome, há também uma sitcom com Maya Rudolph e Fred Armisen, ambos ex-membros do elenco de Saturday Night Live, co-criada por Alan Yang, uma das cabeças por detrás de Master of None, e Matt Hubbard, que, como Yang, escreveu para Parks and Recreation.

Além destes, há duas novas sitcoms que provam que afinal ainda há espaço para comédia no serviço de streaming: Upload, de Greg Daniels, que trabalhou em Os Simpsons e foi responsável pela versão americana de O Escritório, e Making Friends, de Carter Bays e Craig Thomas, os criadores de Foi Assim que Aconteceu, terão direito a piloto. Há também The Boys, adaptação do autor de banda desenhada Garth Ennis produzida por Seth Rogen e Evan Goldberg, que já tinham feito o mesmo com outro livro de Ennis, Preacher, para a AMC, e escrita por Eric Kripke, criador de Supernatural.

É possível que ainda sejam canceladas ou deixadas a meio séries já antes a anunciadas, um rol que inclui projectos de Amy Sherman-Palladino (Gilmore GIrls), Carlton Cuse (Lost) ou Matthew Weiner (Mad Men).

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