Pedrógão: Marcelo sugere que se explique como e quem está a gerir apoios

"Era bom que nas três semanas até às eleições, aquela tragédia, aquelas famílias e vítimas não possam ser envolvidas na campanha eleitoral local", aconselhou o Presidente da República.

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Marcelo hoje durante uma visita ao Centro de Apoio Social do Bairro do Condado da ACRAS - Associação Cristã de Reinserção e Apoio Social LUSA/Tiago Petinga

O Presidente da República pediu esta terça-feira a quem de direito que esclareça os portugueses sobre os donativos feitos às vítimas e aos familiares das vítimas de Pedrógão Grande e apelou a que não haja aproveitamento político. "Foi-me explicado, mas acho que deve ser explicado aos portugueses", defendeu Marcelo Rebelo de Sousa, depois de o PSD ter criticado, em conferência de imprensa, a incapacidade demonstrada pelo Governo para gerir os fundos.

"É preciso explicar aos portugueses aquilo que me explicaram a mim: de onde o dinheiro veio, quem é que o está a gerir, como e quanto", disse o Presidente da República à margem de uma visita ao Centro de Apoio Social, em Marvila, Lisboa.

Marcelo contou aos jornalistas que recebeu esclarecimentos satisfatórios sobre o assunto dos donativos a 17 de Agosto, por responsáveis do Governo e das autarquias, mas acrescentou que deve “ser explicado aos portugueses que só uma parte dos fundos é gerida pelo Estado e outra por outras entidades sociais, por escolha da sociedade civil".

"Era bom que nas três semanas até às eleições, aquela tragédia, aquelas famílias e vítimas não possam ser envolvidas na campanha eleitoral local", aconselhou finalmente. Nos últimos dias têm-se intensificado as críticas dos autarcas da região, que temem que parte das verbas recolhidas para as vítimas do incêndio esteja em parte incerta.

Esta terça-feira de manhã, o Governo prestou esclarecimentos sobre o Fundo REVITA, que gere parte dos dinheiros destinados ao apoio às vítimas e recordou "já se encontra disponível um site na internet (www.fundorevita.pt) com o objectivo de dar informação" sobre o seu funcionamento. "Até à data aderiram ao fundo mais de duas dezenas de entidades, com donativos em dinheiro, em espécie e em prestação de serviços, tendo sido entregues donativos em dinheiro no valor de cerca de 2 milhões de euros". 

Sobre outras verbas doadas, o comunicado dizia apenas que é do conhecimento público que entidades como a Cáritas Diocesana de Coimbra e a União das Misericórdias Portuguesas em conjunto com a Fundação Calouste Gulbenkian agregaram outros donativos, "tendo a responsabilidade pela sua gestão". 

Do lado das entidades que gerem as verbas (extra Fundo REVITA), Manuel Lemos disse à TSF que a União das Misericórdias Portuguesas gastou até agora muito pouco do dinheiro recolhido e garantiu que o processo tem de ser naturalmente lento, desde logo porque a área ardida equivale a "55 mil campos de futebol, sendo preciso fazer um levantamento completo daquilo que ardeu" até para evitar duplicações de apoios.

Manuel Lemos acrescentou que as contas ainda não estão fechadas, mas que não se deverá ter gasto um décimo dos donativos. Ao todo a União das Misericórdias juntou perto de 1,6 milhões de euros.