Cartaz do Out.Fest fechado: e estão lá Black Dice e Charlemagne Palestine

DJ Nigga Fox, Quarteto Sei Miguel, o trio Alex Zhang Hungtai, David Maranha e Gabriel Ferrandini são outros dos nomes anunciados para actuar em Outubro no Festival de Música Exploratória do Barreiro.

Os Black Dice, banda de revela na procura de um novo diálogo entre o rock e a electrónica no início do século XXI
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Os Black Dice, banda de revela na procura de um novo diálogo entre o rock e a electrónica no início do século XXI DR
Charlemagne Palestine é uma das figuras de culto da vanguarda nova-iorquina desde a década de1970
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Charlemagne Palestine é uma das figuras de culto da vanguarda nova-iorquina desde a década de1970 Paul Heartfield

Já sabíamos que íamos poder ver no Barreiro os seminais This Heat (ou melhor Charles Bullen e Charles Hayward, que respondem agora pelo nome de This Is Not This Heat). Já sabíamos que, além deles, teríamos o privilégio de encontrar ali uma derivação dos lendários Pere Ubu de David Thomas, The Pere Ubu Moon Unit. Sabíamos deles, sabíamos da presença em cartaz de agentes subterrâneos da exploração musical, como Simon Crab, dos Bourbonese Qualk, e como os Nocturnal Emissions de Nigel Ayers. Agora sabemos o resto: Black Dice, DJ Nigga Fox, Charlemagne Palestine, Quarteto Sei Miguel, Putas Bêbadas, DJ Problemas e o trio Alex Zhang Hungtai, David Maranha e Gabriel Ferrandini completam o cartaz do Out.Fest – Festival de Música Exploratória do Barreiro, cuja 14ª edição acontece entre 4 e 7 de Outubro.

O festival anuncia-se então, completo. Chegam os Black Dice, ícones de uma reconfiguração das relações entre o rock e a electrónica aventureira em ebulição em Brooklyn na alvorada do século XXI, num movimento criativo ainda a fervilhar apesar dos anos passados sem lhes ouvirmos um novo longa-duração (já são cinco desde que Mr. Impossible foi editado). Aguarda-se aquilo que nos revelarão a voz e o saxofone de Alex Zhang Huangtai, que conhecemos como Dirty Beaches, aliados ao órgão de David Maranha e à bateria de Gabriel Ferrandini, trio inicialmente reunido para dar vida ao espírito musical de John Coltrane, rastilho para o trabalho que vêm desenvolvendo em conjunto e do qual resultou Âncora, álbum gravado ao vivo no Café Oto, em Londres.

O início do festival, dia 4, estará a cargo de Jonathan Uliel Saldanha (colectivo SOOPA, HHY & The Macumbas), num concerto especial na Igreja de Santa Maria em que o músico e produtor será acompanhado por dezenas de vozes reunidas (as dos coros Be Voice e dos Trabalhadores da Autarquia do Barreiro).

No dia seguinte, no Museu Industrial Baía do Tejo, tempo para a idiossincrasia de três exploradores peculiares: o jazz como território em reconfiguração constante, cortesia de Sei Miguel e do seu novo quarteto; a viagem pela miríade de sons, de matéria sónica, levada a cabo pela compositora italiana Caterina Barbieri em sintetizador modular; e as ragas de um Oriente totalmente absorvido, modulado em órgão de igreja ou harmónio, e transformado pelas mãos do lendário Charlemagne Palestine, estudante de Morton Subotnick, companheiro de percurso, devidamente desalinhado, de John Cage, La Monte Young ou Tony Conrad, figura inescapável da Nova Iorque vanguardista da década de 1970.

Dia 6, no Auditório Municipal Augusto Cabrita, será tempo de ver assomar perante nós a Pere Ubu Moon Unit, de apreciar os Combo Futuro, ou seja, Pedro Sousa, Gabriel Ferrandini e Johan Berthling, e as canções de Lolina, ou seja, Inga Copeland, co-fundadora do duo Hype Williams.

Sábado, dia 7, no ADAO (Associação Desenvolvimento Artes e Ofícios), será, digamos, o dia da explosão total. É o dia dos This Is Not This Heat, de Simon Crab, dos Black Dice, de Nocturnal Emissions, de Alex Zhang Hungtai, David Maranha e Gabriel Ferrandini. Será a noite da pista de dança em combustão com a arte contagiante de DJ Nigga Fox, nome de destaque da editora Príncipe, e do ataque noise-rock sem contemplações dos Putas Bêbadas, a banda do colectivo Cafetra que se prepara para editar o segundo longa-duração, Orgulhos de ex-Buds. E haverá mais: Bookworms, Colectivo Vandalismo, Gyur, Jejuno e DJ Problemas. Fartura da boa, é o que é. 

Os passes gerais para o festival custam 30 euros. 

Notícia corrigida às 15h50, actualizando o nome do álbum dos Putas Bêbadas

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