Procuram-se Famílias pelo Mundo para estudar a emigração portuguesa
Doutorando Carlos Barros está a estudar “duas vagas migratórias”: os pais emigrantes e os jovens adultos. Projecto Famílias pelo Mundo quer ajudar quem vai e quem fica a ter uma vida mais feliz
A história repete-se todos os Natais e todos os Verões. Reencontros e despedidas, pais que chegam mas voltam a partir, filhos que regressam mas não para ficar. Carlos Moreira Barros conviveu com o fenómeno desde sempre. Boa parte da família está emigrada, amigos de faculdade foram fazendo o mesmo ao longo dos últimos anos. A emigração era um assunto pessoal para o portuense — e no último ano transformou-se também em objecto de estudo. O projecto Famílias pelo Mundo quer contribuir para a compreensão do fenómeno da emigração portuguesa e, com isso, ajudar quem vai e quem fica a ter uma vida melhor.
A existência de uma “lacuna na literatura científica” começou a ser clara para Carlos Barros quando estava a frequentar um doutoramento na área de Psicologia na Universidade do Porto. Tempos depois, a estudar na capital, acabou por conseguir um apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e mergulhar definitivamente no assunto. No passado ano lectivo, sob a orientação de Luana Cunha Ferreira e Carla Crespo, da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, começou a recolher dados para a sua investigação.
O objectivo passa pela análise de “duas vagas migratórias”, contou ao P3: por um lado, “os pais emigrantes" e, por outro, os "jovens adultos”. O estudo qualitativo quer tentar perceber “o que diferencia estes dois movimentos migratórios” e sensibilizar a sociedade para o impacto que as migrações têm na integração das diferentes gerações.
“Fui-me apercebendo que, apesar de existirem medidas de protecção social, era na família que estava o centro, fosse para o bem, com apoio, ou para o mal, com falta dele”, explica. O suporte, tanto para quem vai como para quem fica, parece-lhe “insuficiente”.
E o projecto Famílias pelo Mundo tentará também contribuir para uma mudança nesse particular. Carlos Barros pretende participar em congressos e produzir materiais de apoio para emigrantes e associações que os ajudem, podendo ainda servir de base para a criação de novas políticas públicas.
O estudo, com financiamento garantido até 2020, deverá apresentar resultados anualmente. E a participação, aberta a todos, é muito bem-vinda, apela o doutorando de 26 anos. Os dados recolhidos são tratados de forma anónima e a participação passa pelo preenchimento de um formulário online e, posteriormente, uma entrevista, que pode ser presencial, por telefone ou via Skype.