Sorria. Esta lâmpada está a filmá-lo
Há cada vez mais produtos pequenos e discretos para nos ajudar a manter o nosso mundo sob controlo, e outros para nos esconder de quem quer fazer o mesmo.
O mundo da videovigilância, espionagem e reconhecimento facial é cada vez mais fácil, mas também mais assustador. Com a tecnologia a tornar possível câmaras e microfones cada vez melhores, mais pequenos e mais discretos, torna-se fácil instalar sistemas de vigilância em qualquer lugar.
Por um lado, a evolução ajuda as pessoas a sentirem-se mais seguras (as câmaras de segurança em tempo real não servem só para apanhar ladrões, mas para ver se está tudo bem com filhos que ficaram em casa com a ama, ou animais de estimação sozinhos), por outro, leva-as a terem medo do big brother (a Amazon utiliza reconhecimento facial na sua loja física, e empresas tecnológicas como a Apple e o Facebook utilizam-na para categorizar as fotografias dos seus utilizadores).
Eis alguns produtos que nos ajudam a manter o mundo sob controlo e, outros para nos esconder de quem quer fazer o mesmo:
Lâmpadas que espiam
A Tovnet é uma câmara com wifi integrado escondido numa “lâmpada LED inteligente”. O objectivo é oferecer um equipamento de vigilância barato e discreto que também é capaz de iluminar uma divisão.
Independentemente de as luzes serem ligadas, a câmara começa a gravar assim que detecta movimento na zona em que está instalada, e pode enviar um sms a avisar o dono, que pode ver imagens em tempo real na aplicação. A câmara vem ainda com uma visão nocturna (que detecta luz infravermelha) para continuar a gravar caso seja activada durante a noite. É fácil de instalar a câmara (basta enroscar uma lâmpada), e caso os utilizadores queiram uma cópia de segurança das filmagens (além das que são enviadas para o telemóvel), há a opção de inserir um cartão de memória adicional. A aplicação também permite que os utilizadores activem a câmara, remotamente, a qualquer altura.
O projecto completou uma campanha de financiamento no site IndieGogo o mês passado. Os primeiros modelos – que custam 175 dólares (cerca de 152 euros) – começam a ser exportados em Setembro.
Acessórios que gravam tudo
Além de lâmpadas, há vários acessórios (desde botões e brincos, a relógios ou colares) com pequenas câmaras inseridas. Este Verão, a Ubiquiti lançou o FrontRow, uma câmara para filmar que passa por um pendente para homens ou mulheres. Foi concebida para transmitir vídeos, ao vivo, nas redes sociais (e editar, automaticamente, um resumo visual do dia no final), mas também é visto como um acessório pequeno, discreto e leve (só pesa 55 gramas) que permite aos utilizadores filmarem (com uma qualidade de cinco ou outo megapixéis, consoante a fase do colar que está à mostra) em qualquer lugar. Custa 399 dólares (cerca de 340 euros).
A empresa canadiana Shonin está a desenvolver um produto muito semelhante: a Streamcam é uma câmara (que se cola na lapela do casaco) e que pode ser activada a qualquer altura para transmitir imagens, em directo, para as redes sociais. Porém, o aparelho é descrito como um acessório de segurança. Se o utilizador estiver numa zona sem Internet, a câmara consegue armazenar imagens (encriptadas) num cartão de memória interno com 8GB. A câmara é à prova de água, regista a localização GPS do utilizador e consegue filmar cerca de duas horas consecutivas.
Padrões anti-espionagem
Com câmaras em quase todo o lado torna-se difícil fugir a sistemas de reconhecimento facial, mas, do outro lado da equação, já há roupa “anti-vigilância” que utiliza padrões coloridos para confundir sistemas de segurança. Este ano, a Hyphen-Labs apresentou um cachecol que utiliza desenhos personalizados para confundir os algoritmos utilizados para identificar pessoas. Ainda não se conhece o preço, mas o lançamento está previsto para o final de Agosto. Foi desenvolvido com a ajuda de Adam Harvey, um investigador e artista que se especializa no ramo da contra vigilância.
O cachecol utiliza os padrões do projecto Hyperface (criado por Harvey) para simular centenas de “caras falsas” distraindo os programas de reconhecimento facial da verdadeira cara de pessoa. O objectivo é introduzir o conceito do Hyperface em vários ambientes, incluindo edifícios e espaços urbanos.
“As pessoas têm outras prioridades e não têm de estar preocupadas com a vigilância. Contudo, a realidade é que as empresas de tecnologia têm-se apoderado da fraca regulação na recolha de informação e imagens, e o resultado é um estado de híper-vigilância”, comenta Harvey.
Além do projecto da Hyperface, há várias empresas a venderem aparelhos para prevenir métodos de vigilância furtivos como detectores de câmaras e outros aparelhos com radiofrequência. Porém, muitas vezes, as empresas que os desenvolvem (por exemplo, a Brick House Security e a SpyTec Inc) também vendem aparelhos para filmar discretamente.