Partidos combinam-se em 26 tipos de aliança nas autárquicas
Manuel Pizarro tem o orçamento de campanha mais alto, sem contar ainda com os das candidaturas independentes.
As próximas eleições autárquicas geraram 26 tipos de coligação entre partidos, sendo as mais recorrentes as do PCP/PEV e a do PSD/CDS, segundo a Entidade das Contas e Financiamentos Políticos. Falta ainda saber os orçamentos das candidaturas independentes aos municípios, mas para já o socialista Manuel Pizarro, no Porto, apresenta o mais elevado – 360 680 euros.
Com alianças em quase todo o país – só faltaram quatro concelhos da Região Autónoma dos Açores - a coligação CDU (PCP/PEV) concorre a 304 dos 308 municípios, de acordo com informação disponibilizada esta quarta-feira pela Entidade das Contas. Logo depois surge a coligação PSD/CDS que, sozinha, concorre a 73 municípios. Um número que se soma a 22 concelhos em que o PSD e o CDS concorrem coligados com o Partido Popular Monárquico (PPM) e com o Movimento Partido da Terra (MPT). A estas 94 alianças da direita com partidos mais pequenos, acrescem mais quatro em que é o CDS que lidera: Alcochete; Constância; Cuba; e Barrancos.
Entre as 13 coligações protagonizadas pelo CDS (e com o MPT e PPM) figuram a de Lisboa mas também as de Albufeira, Évora, Guarda, Mafra e Sines. Sozinha a dupla CDS-PPM concorre a municípios como Ponta Delgada e Viana do Castelo. Há ainda outras curiosidades: o partido Nós, Cidadãos! faz alianças à esquerda e à direita. Concorre com o PSD no Cartaxo, com o CDS em Felgueiras e Ferreira do Zêzere, mas juntou-se ao PS, BE, Juntos Pelo Povo e Partido Democrático Republicano na candidatura liderada pelo independente Paulo Cafôfo no Funchal.
A divulgação dos orçamentos das coligações por parte da Entidade das Contas permite também conhecer quanto vão gastar algumas candidaturas como a de Assunção Cristas, em Lisboa. A líder do CDS estima uma despesa de 97 mil euros na campanha para a capital, um valor que fica aquém dos 212 mil euros previstos pela candidatura do PSD protagonizada por Teresa Leal Coelho. Mas é o PS que tem o valor mais alto – 249 mil euros – isto sem ter ainda em conta os orçamentos das candidaturas independentes (como a de Rui Moreira no Porto, por exemplo), que ainda não foram divulgados.
Pequenos partidos concorrem sozinhos a 73 municípios
O fenómeno do Pessoas-Animais-Natureza (PAN), que nas eleições legislativas de 2015 conseguiu eleger um deputado sem que nenhuma sondagem o adivinhasse, inspirou outros pequenos partidos a avançarem nas autárquicas. Este ano, são mais do que nunca. No total, há 12 forças políticas sem assento parlamentar que vão entrar na corrida do dia 1 de Outubro. Para o Nós, Cidadãos!, o Livre, o Partido Unido dos Reformados e Pensionistas (PURP), o Movimento Alternativa Socialista (MAS), o Juntos Pelo Povo (JPP) e o Partido Democrático Republicano (PDR) trata-se de uma estreia.
Ao todo, os partidos mais pequenos vão concorrer sozinhos em 73 concelhos (em 2013 concorreram a 66) e o que apresenta mais candidaturas (sem ser em coligação) é o PCTP/MRPP: 18. Pelo contrário, o MAS, oriundo da área política do Bloco de Esquerda, e o Partido Cidadania e Democracia Cristã (PPV-CDC) apresentam apenas uma cada um, a Barcelos e ao Porto, respectivamente. De registar o grande crescimento do Partido Nacional Renovador em número de candidaturas: passa de seis para 15 em quatro anos.
Em 2013, os partidos mais pequenos, todos juntos, só conseguiram atingir os 44.412 votos, o que não chegou a representar 1% do total. E se o PCTP/MRPP foi o que teve mais gente a colocar a cruzinha no seu quadrado (23.276 eleitores), o Movimento Partido da Terra (MPT) foi o único que conseguiu eleger dois mandatos (nenhuma presidência).
Oeiras é um dos concelhos mais apetecíveis para os grandes partidos e independentes (há três candidaturas de grupos de cidadãos), mas também para os pequenos. No dia 1 de Outubro, o PCTP/MRPP, o Partido Trabalhista Português (PTP), o Nós, Cidadãos!, o Livre e o PNR apresentam-se sozinhos a votos. O mesmo acontece em Lisboa, onde o PURP, o PNR, o PTP, o PCTP/MRPP e o Nós, Cidadãos! Entram na disputa com os grandes. Há outros que integram coligações mais vastas, como é o caso do PPM ou do MPT, ambos apoiantes formais da candidata do CDS-PP à capital. Ou o Nós, Cidadãos! que no Porto se junta a Rui Moreira.
Algumas destas forças políticas são conhecidas a nível nacional, mas têm sobretudo uma implantação regional. O Juntos Pelo Povo, por exemplo, concorre a dois municípios no continente (Odivelas e Felgueiras) e a três na Madeira (Machico, Ribeira Brava e Santa Cruz).
No que diz respeito a orçamento, o JPP concorre com os grandes. Prevê gastar mais de 83 mil euros em Odivelas, 81 mil em Santa Cruz, 67 mil em Felgueiras, 45 mil em Ribeira Brava e quase 40 mil em Machico. Só para haver um termo de comparação, o MPT (o único que em 2013 conseguiu dois mandatos) vai apresentar 14 listas a autarquias como Bombarral, Figueira da Foz ou Viana do Castelo, mas nunca prevê despesas superiores a mil euros com as candidaturas, mesmo no caso da sede de distrito do Alto Minho. O Livre, que se apresenta sozinho em Oeiras, Ponta Delgada e Vila Nova de Foz Côa, “investe” no máximo 2613 euros (em Foz Côa).
* Corrigido o orçamento da campanha mais alto.