Prédio afectado por explosão em Alfama vai ter obras urgentes

O perigo de derrocada é tão grande que a Câmara de Lisboa decidiu avançar já com os trabalhos. Ainda não há uma explicação concreta para o sucedido e a autarquia quer esclarecimentos das "autoridades competentes".

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O 59A da Rua dos Remédios ficou quase totalmente destruído no interior LUSA/MIGUEL A. LOPES

Não é certo que a fachada do prédio que explodiu no domingo à tarde em Alfama se mantenha firme, pelo que a Câmara Municipal de Lisboa decidiu promover obras imediatas nesse edifício e num outro, contíguo, que também foi afectado pelo rebentamento. Os prédios têm vários proprietários privados, mas a urgência dos trabalhos não se coaduna com a morosidade de accionar todos os seguros e chegar a um acordo.

Foi isso que disse Carlos Castro, vereador da Protecção Civil, que passou grande parte da manhã de segunda-feira no local a acompanhar o trabalho dos bombeiros e dos técnicos da autarquia. O número 59A da Rua dos Remédios “carece de uma intervenção célere”, afirmou, uma vez que a estabilidade da fachada é periclitante. Já o número 65, separado daquele em que se deu a explosão apenas por um beco estreito, ficou danificado no telhado. “Há uma parte da parede que está em cima do edifício”, o que constitui “uma carga significativa” que põe em causa a habitabilidade do prédio.

Carlos Castrou manifestou a intenção de “começar tão breve quanto possível a intervenção neste edificado”, para que se possa “devolver a normalidade à Rua dos Remédios”. O trânsito automóvel está cortado naquela artéria de Alfama e assim continuará “o tempo que for necessário”, pelo enquanto decorrerem os trabalhos. "Não iremos abrir a rua sem estar garantida a segurança das pessoas", disse o vereador. No fim do processo, a câmara tenciona falar com os proprietários das casas para lhes “apresentar a factura” das obras.

Continua a não ser totalmente claro o que aconteceu. Os moradores dos prédios afectados dizem que se sentiu um forte cheiro a gás durante todo o dia de domingo. Um piquete da EDP encontrava-se no local a reparar uma avaria na rede eléctrica da rua. Os residentes acreditam que foi a conjugação entre electricidade e uma possível fuga de gás que originou a situação.

O último andar do 59A, onde se encontrava uma unidade de alojamento local para turistas, explodiu pouco antes das 19 horas. Quase de seguida deu-se uma outra explosão, também forte, no primeiro andar. Houve ainda um terceiro rebentamento, mas de menor intensidade. As explosões deram imediatamente origem a um incêndio aparatoso, de grandes labaredas, visíveis mesmo a partir da zona ribeirinha da cidade. Chamados logo nos primeiros momentos depois do sucedido, os bombeiros conseguiram dominar as chamas antes que elas se propagassem aos edifícios vizinhos, evitando assim consequências mais graves. Durante a noite de domingo e a manhã de segunda-feira ainda se registaram vários reacendimentos.

Para já, a câmara não avança com explicações. “Tem que ser apurado o que aconteceu aqui, porque não podem acontecer situações destas”, disse o vereador Carlos Castro. "Temos de facto essas constatações por parte dos moradores de que havia cheiros de gás", acrescentou, "mas temos que apurar o que efectivamente se passou". O vereador afirmou ainda que é às “autoridades competentes” que competem essas averiguações. 

As explosões provocaram ferimentos em cinco pessoas, três das quais tiveram alta ainda na noite de domingo depois de terem sido assistidas no Hospital de São José. Uma pessoa permanece internada nesta unidade hospitalar lisboeta, enquanto a outra vítima foi transferida para Coimbra.

O prédio do 59A ficou totalmente destruído do primeiro andar para cima, o que obrigou os moradores e turistas ali instalados em fracções de alojamento local a procurarem outros sítios para dormir. Segundo Carlos Castro, ninguém pediu realojamento à câmara, mas a autarquia tem condições para o fazer, caso seja necessário. Também os moradores do número 65 tiveram de abandonar as suas casas no domingo à noite. Esta segunda-feira, foram recolher alguns pertences, ainda sem saberem quando poderão voltar.

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