“Favorável ao Sócrates é todos os dias”
Escutas reveladas pelo Sol divulgam diálogo comprometedor entre Joaquim Oliveira e Armando Vara nas vésperas das legislativas de 2009.
O semanário Sol divulga, neste sábado, escutas telefónicas que revelam uma conversa entre o dono do Diário de Noticias, Joaquim Oliveira, e Armando Vara. O diálogo remonta a 2 de Setembro de 2009, vésperas das eleições legislativas, e o socialista era vice-presidente do BCP. E fez questão de mostrar o seu desagrado ao dono do jornal com a manchete daquele dia, sobre um relatório da OCDE segundo o qual Portugal era dos países que menos investiam nas crianças: “Bela manchete para a causa...F…-se, pá!”
Joaquim Oliveira tenta fazê-lo ver o lado positivo da história: “Pode ser bom para o Sócrates, para ele dizer que aquilo é um problema crónico e que agora o PS está a fazer tudo para aliviar essa m…”
Apanhada nas escutas do processo Face Oculta, a conversa prossegue com o dono do Diário de Notícias a atirar culpas para o director do órgão de comunicação social, João Marcelino. “O que é que eu vou fazer, bater-lhe, despedi-lo?”, interroga, explicando que mandar o jornalista embora lhe ficaria caro. “Sim, vai acabar por fazê-lo, é uma questão de tempo”, responde-lhe Vara.
O Sol explica como Joaquim Oliveira estava, na prática, nas mãos de Armando Vara por via do empréstimo de cerca de 300 milhões de euros que tinha contraído junto do BCP para adquirir o grupo Controlinveste, de que fazem parte, além daquele diário, o Jornal de Notícias, a TSF, O Jogo e a SportTV. Daí ter assegurado ao antigo governante, a certa altura deste diálogo, qual era a posição do Diário de Notícias relativamente ao então primeiro-ministro: “Favorável ao Sócrates é todos os dias."
Das escutas ressaltam também as tentativas de algumas figuras do PS de José Sócrates para que a TVI e também o PÚBLICO fossem comprados por grupos económicos da sua área de influência. A operação foi baptizada como Projecto Aljubarrota. A revista Visão noticiou recentemente que José Sócrates sugeriu a Paulo Azevedo, presidente da Sonaecom e filho de Belmiro Azevedo, que vendesse o PÚBLICO ao grupo Lena.