Uma perspectiva que faz com que o fotografado pareça segurar o peso da Torre de Pisa, uma selfie num cenário pitoresco, um momento de uma aventura marcante ou posar ao lado de um tigre. Quem utilizar o Tinder regularmente já pode ter visto um exemplo de cada foto de perfil, mesmo aquela que envolve um predador.
Chama-se "Tiger Selfie" e abriu portas ao ultraje de grupos de defesa de animais. O centro da polémica é a aplicação de encontros Tinder, que tem assistido a um boom de fotos de indivíduos de sexo masculino ao lado de tigres de todos os tamanhos (embora existam relatos de atitudes semelhantes desde 2014). A justificação mais partilhada é a de que estas fotografias são tiradas para impressionar e mostrar a bravura de quem se aproxima de um predador. A situação obrigou mesmo a organização PETA a enviar uma carta a Sean Rad, fundador da rede social.
“O que pode, à primeira vista, parecer uma fotografia inofensiva significa realmente que alguém foi preso, dominado e amarrado ou drogado antes de esta ter sido tirada e partilhada online”, lê-se na carta, que relembra o facto de o fenómeno se ter propagado de tal forma que já existem blogues dedicados a catalogar todas as fotos deste género.
A plataforma de encontros já respondeu ao pedido da PETA e, numa publicação no blogue, aconselhou os utilizadores a retirar as fotografias e anunciou a doação de 10.000 dólares à iniciativa Project Cat, cujo objectivo é a duplicação da população de tigres selvagens até 2022.
Às condições e bem-estar do tigre junta-se a preocupação com quem se aproxima a ponto de tocar no animal. Em declarações ao órgão de comunicação público australiano ABC, Cassandra Koenen, que trabalha com a World Animal Protection, disse que a resposta da Tinder é “um passo na direcção certa para ajudar a proteger animais selvagens usados para entretenimento turístico”.
Grande parte da popularidade das fotos na Internet fica a dever-se à chacota de que têm sido alvo. Deslizar o dedo para a esquerda — que, na aplicação, equivale a rejeitar o perfil de alguém — parece ser a solução mais popular para combater esta moda. No entanto, na opinião de Koenen, as coisas estão a mudar, apesar da popularidade.
"Estamos a ver uma mudança real na atitude do público, já que se tornam mais conscientes de que muitos destes animais selvagens são retirados das suas mães em bebés, forçados a aguentar treino cruel e intensivo para tornar a interacção com turistas segura", diz.